Já era assim nos anos 70, mas os velhos (partidos) aparelharam o movimento estudantil de então – e estudante não é estudante para sempre. Nasceu o PT, que incorporava novidades, por isso talvez fosse o PT, não fosse o PC (partido comunista), PS (partido socialista), PR (partido revolucionário) etc., sem rótulos. Mas o PT também ficou velho. Há uma incompatibilidade histórica entre a renovação das juventudes rebeldes e a organização de esquerda.
A rebeldia dos jovens que nos faz tanta falta
Emir Sader
Entre tantas frases estimulantes e provocadoras que as rebeliões populares no mundo árabe e agora na Europa, essencialmente protagonizada por jovens, fizeram ecoar pelo mundo afora, a que mais nos incomoda – com toda razão – é aquela que diz: "E quando os jovens saíram às ruas, todos os partidos pareceram velhos." Aí nos demos conta – se ainda não tínhamos nos dado – da imensa ausência da juventude na vida política brasileira. O fenômeno é ainda mais contrastante, porque temos governos com enorme apoio popular, que indiscutivelmente tornaram o Brasil um país melhor, menos injusto, elevaram nossa auto estima, resgataram o papel da política e do Estado. Mas e os jovens nisso tudo? Onde estão? O que pensam do governo Lula e da sua indiscutível liderança? (...) Quando alguém desses partidos tradicionais – mesmo os de esquerda – fala de "políticas para a juventude", menciona escolas técnicas, possibilidades de emprego e outras medidas de caráter econômico-social, de cunho objetivo, sem se dar conta que jovem é subjetividade, é sonho, é desafio de assaltar o céu, de construir sociedades de liberdade, de luta pela emancipação de todos.