Muitas vezes já me perguntei por que Lô Borges não parou no disco do tênis. Depois de duas obras-primas (a outra é o Clube da Esquina, com Milton e toda aquela turma de mineiros que só não foram os Novos Mineiros porque não houve outros antes deles -- Primeiros Mineiros) o que ele fez não teve nenhuma importância e uma coisa foi até prejudicial, pôr letra em Clube da Esquina nº 2, que diz muito mais sem palavras.
Não é defeito do Lô, é da época; toda a música popular poderia ter parado no começo dos anos 70 que nada perderíamos, ou muito pouco. Caetano, por exemplo, fez muitas coisas, mas nada tão bom quanto o que fez antes. Chico, sim, continuou criando cada vez mais, mas se tivéssemos só Construção já bastaria... Rolling Stones continuaram e continuam até hoje, empalhados. Bob Dylan foi um furacão nos anos 60. E os Beatles. Quando se separaram, houve aquela avalanche de criatividades solos.
Para não falar nos brasileiros: Mutantes, Gilberto Gil, tropicalistas, todos aqueles dos festivais, Vandré, Banda de Pau e Corda, Moto Perpétuo, Som Imaginário, Vinicius e Toquinho, os incríveis Novos Baianos e mais, muito mais...
Depois da década de 60 -- a década de 60 na verdade terminou no começo dos anos 70, assim como o século XX começou em 1914 e terminou em 1991 -- a criatividade coletiva foi sufocada e se transformou em expressões individualistas compradas pelo mercado: produziu-se muito mais e ganhou-se cada vez mais dinheiro com obras ruins. Com exceções, como Chico e mais um ou outro. Muitos continuaram brilhando tocando e cantando o que foi feito antes ou reelaborando o que fizeram os criativos.
De vez em quando alguém brilhava novamente feito antes, como John com Double Fantasy, Paul McCartney com Tug of War e George Harrison com Cloud 9. Nostalgia.
E raros gênios continuaram suas trajetórias intocáveis: Chico, Tom...
Os anos 60 foram tão incríveis que tinha até Cat Stevens! Autor de pérolas, perdidas no oceano de banalidades que vieram depois. Cat Stevens só poderia existir nos anos 60 e musicar um filme como "Ensina-me a viver" (Harold & Maude).
Simon & Garfunkel. Quanta genialidade, que se esgotou nos anos 70. Creedence! A melhor banda de todos os tempos, Creedence Clearwater...
Depois foi só revival...
Até hoje vira e mexe me lembro de músicas dos anos 60, como esta.