segunda-feira, 30 de dezembro de 2019

A extraordinária obra de Cármem Silva

Existe um mundo pós-capitalista sendo criado e que a mídia capitalista não mostra?
Ou as iniciativas são reações pré-capitalistas citadas por Marx há 160 anos, no Manifesto Comunista? Como são essas iniciativas? Elas persistem? Malogram? Renascem? Prosperam? Se impõem, como soluções melhores do que as soluções capitalistas? Podem se universalizar?
Na política é fácil ver que o projeto comunista foi pior do que o capitalista, por isso morreu, enquanto o capitalista sobrevive, embora reacionário, implantando a barbárie. E na economia? Que iniciativas econômicas são melhores do que as capitalitas? Na agricultura, por exemplo, está aí a Agenda Gotsch, sintrópica.
Na organização social, esse vídeo mostra uma iniciativa e uma personagem pelas quais Luís Nassif manifesta incontido entusiasmo. Pessoas agindo coletivamente, sem depender do Estado, para resolver problemas individuais que são coletivos, isto é, sociais, isto é, que atingem a muitos indivíduos, e portanto deveriam ser objeto de política pública, mas não são.
E também não dependem de um partido político do tipo comunista.
Na verdade, essa é a solução ideal para os problemas sociais: os indivíduos interessados se reúnem e fazem. O Estado deve colaborar como pode (no caso brasileiro, ele atrapalha e tenta impedir, como a justiça (com j minúsculo), que prendeu, processa e impõe restrições à lider Cármem Silva).
Essa é uma solução pós-capitalista, porque não é movida pelo lucro, que a todos e a tudo move no capitalismo, mas é uma solução, e uma solução melhor do que a capitalista.
Qual é a solução capitalista para a questão habitacional? O Minha Casa Minha Vida, por exemplo, para ficar num projeto pretensamente de esquerda, supostamente bem intencionado. Ele cria conjuntos habitacionais artificiais em locais distantes e sem infraestrutura, onde ninguém quer morar, mas o pobre que não tem nada deveria querer. Obviamente, não pode ser assim, isso não é solução, a não ser para o capital, que vai fabricar e ter lucro com as moradias, incluindo aí maior ou menor dose de corrupção. Sem falar na relação clientelista dos políticos e na relação paternalista deseducativa dos beneficiados com aqueles.
Por isso envolver os interessados e eles mesmos resolverem os problemas é uma solução melhor do que a capitalista, uma solução pós-capitalista.
E quando os próprios sem-casa escolhem sua moradia eles não vão para a periferia, vão para o centro. O centro abandonado e decadente tem a infraestrutura que todos querem -- os ricos querem e compram porque têm dinheiro, mas os pobres, que foram excluídos dos benefícios do capitalismo porque não têm dinheiro para comprar, também querem.
Ocupar o centro deve ser a primeira orientação de uma política habitacional racional, social, pós-capitalista, que atende não os interesses do capital que quer construir e lucrar, e sim os interesses daqueles que precisam morar.
Simples assim.