domingo, 23 de maio de 2010

Impressões da Bienal do Livro de Minas 2010

Uma feira, mais que um encontro em que o livro seja o protagonista. O livro como mercadoria, não como conteúdo. Não um lugar para autores, para quem gosta de ler. Autores sim, autores celebridades: jornalistas da Copa do Mundo. Não um encontro das editoras com autores, exceto pela Usina de Letras, do Rio, que levou autores novos para promover seus livros e oferecia seus serviços de parceria: "Publique seu livro!" Evento, como tantos que acontecem no Expominas, uma reivindicação dos empresários mineiros para fazerem contatos e venderem seus produtos. Alguns descontos, mas nem valia como oportunidade para quem queria comprar livros com desconto, porque não encontrava os livros que procurava. Bancas de livros infantis de má qualidade a preços populares. Um grande estande exclusivo de quadrinhos, com destaque para os mangás, os quadrinhos japoneses, que eu nem sabia que existiam em tal quantidade no Brasil. Está explicado por que Maurício de Souza aderiu ao estilo mangá. Lotado. A meninada continua gostando de quadrinhos. A livraria (Comix) é de São Paulo, não existe similar em BH, que eu conheça. A Companhia das Letras, entre outras editoras de qualidade, não oferecia descontos. As editoras das universidades ofereciam. Muita gente, povão. Praça de alimentação, estilo shopping. Como é que tanta gente fica sabendo da Bienal? Rede Globo, Estado de Minas... "parceiros" do evento. Escolas: ônibus de estudantes. Por que tanta gente interessada em livro? Na Bienal do Livro Minas 2010 percebe-se a presença dessa nova personagem na sociedade brasileira: a nova classe média, que ascendeu de D para C e quer participar da festa, quer consumir tudo, inclusive livros. Pergunto: a indústria editorial está compreendendo a entrada desse segmento no mercado? Por que não se produzem livros de qualidade a preço popular no Brasil? Tinha lá a LPM, que se dedica a livros de bolso, tinha a Expressão Popular, que publica livros a R$ 10, mas em geral, baratos, só livrinhos infantis de má qualidade.