terça-feira, 11 de maio de 2010

A legião estrangeira do Dunga

A primeira coisa a dizer é que o futebol brasileiro produz tantos jogadores bons, que qualquer lista de 23 excluirá pelo menos outros 23. Nesse sentido, não se pode chamar de injusta a lista do Dunga para a Copa do Mundo da África do Sul. Ele escolheu os seus jogadores, os jogadores nos quais confia e com os quais trabalhou nos últimos anos. É portanto uma lista coerente. É também uma lista de jogadores que jogam no exterior – até os goleiros, entre um que joga no Brasil e outro que joga no exterior, ele preferiu este. Não é uma seleção brasileira, é a seleção do Dunga com jogadores nascidos no Brasil. Minhas discordâncias vêm daí. Seleção brasileira é de jogadores que jogam no Brasil, em clubes brasileiros, para a torcida brasileira. É também a seleção dos melhores e na lista dos melhores Neymar e Ganso têm que estar. Não faz sentido: Neymar vem jogando muito mais do que Robinho, Robinho está na seleção e Neymar não. Seleção brasileira em 2010 é o time do Santos com reforços. E faria bonito na Copa. Mas a seleção do Dunga não é para fazer bonito, é para ganhar, como aquela de 94, que ganhou nos pênaltis. Há muito tempo que Copa do Mundo não é uma competição apaixonada – é um grande negócio, uma espécie de feira mundial; há muito tempo a seleção não é a pátria de chuteiras – está muito mais para uma legião estrangeira.