segunda-feira, 10 de maio de 2010

Três décadas de dengue

Uma das primeiras matérias que fiz quando trabalhei no JB foi uma entrevista com o grande cientista Amilcar Vianna Martins, cuja carreira, truncada no Brasil com a cassação pela ditadura militar, continuou no exterior. Assunto: a volta do mosquito Aedes aegypti, transmissor da febre amarela e da dengue. Data: maio de 1986. Palavras do eminente médico: “Os governos militares passaram todos aqueles anos combatendo subversivos e guerrilheiros, sem saber que a verdadeira ameaça à segurança nacional é a volta de doenças como a febre amarela”. Ele ressaltava a dificuldade de combate ao mosquito: “Em 1909, quando Oswaldo Cruz conseguiu erradicar o Aedes aegypti no Rio de Janeiro, a população da cidade era de aproximadamente 700 mil habitantes, e ele usou então 5 mil guardas. Hoje, a população do Rio é de 7 milhões e existem 500 guardas”. Passados 24 anos, igual incompetência dos governos civis para erradicar o mosquito confirma a preocupação do pesquisador belo-horizontino, falecido em 1990.

Número de mortes por dengue bate recorde em São Paulo
Márcio Pinho
da Reportagem Local
O estado de São Paulo bateu em 2010 o recorde de mortes por dengue. Foram pelo menos 64 casos desde janeiro, de acordo com levantamento feito pela
Folha junto às prefeituras. O número é o maior desde o início da contagem dos casos de dengue – em 1990 – e representa quase o dobro do recorde anterior: 35 mortes em 2007. Em 2008, quando a doença perdeu força, a então gestão José Serra (PSDB) deixou de atender 2,2 milhões de pessoas com visitas e trabalhos de controle da proliferação de vetores.

Íntegra da matéria da Folha:
http://www1.folha.uol.com.br/folha/cotidiano/ult95u732608.shtml