A noite estelar de Dilma Rousseff
Do Terra Magazine
Claudio Leal
Do Rio de Janeiro
A lotação de mil lugares do Teatro Casa Grande terminou atropelada por pessoas nas escadas, nos corredores, nas beiradas do palco. O diretor José Celso Martinez, do Teatro Oficina, atiça a plateia e ameaça comer antropofagicamente o fanatismo religioso, ao fazer um solilóquio no telão:
- Dilma é a musa desta noite, que quer conter o fundamentalismo. Ela vai realizar o que Oswald de Andrade queria: um matriarcado em Pindorama!
O músico Otto chora com o enxurro de Zé Celso. Cabelos meticulosamente desgrenhados, o artista pernambucano vibra:
- Chorei, chorei... Apoio (o PT) publicamente desde os meus 15 anos, quando fui a um comício de Lula. Acho Dilma bacana, o governo Lula foi moderno, o Brasil nunca vai ser o mesmo. Estou feliz com ele, sem discutir os outros. Eu acertei. Estou aqui pelas minhas convicções.
As estrelas do PT começam a zanzar no palco, em busca de um assento - alguns, velhos militantes. Escalação: Marilena Chauí, Elba Ramalho, Geraldo Azevedo, Fernando Morais, Beth Carvalho, Wagner Tiso, Cristina Pereira, Eric Nepomuceno, Alcione, Margareth Menezes, Jonas Bloch, Emir Sader, Chico César, Antonio Pitanga, Lia de Itamaracá, Hugo Carvana, Dira Paes, Domingos de Oliveira, João Pedro Stédile...
De repente, um senhor miúdo, rosto caído sobre os ombros, sobrancelhas mais vistosas que os olhos, posiciona sua cadeira de rodas na mesa principal. O arquiteto Oscar Niemeyer, 103 anos. De pé, os espectadores fazem a aclamação da noite:
- Oscar! Oscar! Oscar! Oscar! Oscar!
A íntegra.