segunda-feira, 11 de outubro de 2010

República Fundamentalista Cristã

Lúcido artigo de Vladimir Safatle, professor de filosofia da USP, publicado pela Folha de S.Paulo. (Será o articulista demitido também, como fez o Estadão com a psicanalista Maria Rita Kehl?)

Um poder moderador vigia o debate político e impede que pautas de modernização social cheguem ao Brasil
Fundada em 31 de outubro de 2010 após a expulsão dos infiéis do poder, a República Fundamentalista Cristã do Brasil apareceu em substituição à República Federativa do Brasil. Dela, ela herdou quase tudo, acrescentando uma importante novidade institucional: um poder moderador, pairando acima dos outros Três Poderes e composto pela ala conservadora do catolicismo em aliança com certos setores protestantes. Os mesmos setores que, nos EUA, deram suporte canino a George W. Bush. A função deste poder moderador consiste em vigiar o debate político e social, impedindo que pautas de modernização social já efetivadas em todos os países desenvolvidos cheguem ao Brasil. Na verdade, a fundação desta nova República começou após uma eleição impulsionada pelo problema do aborto.