sábado, 16 de outubro de 2010

Uma carreata como nos velhos tempos

Confesso que a campanha eleitoral em Belo Horizonte este ano me decepcionou, até a carreata de hoje. Pela primeira vez vi entusiasmo da população. A cidade viu reanimarem-se seu espírito cívico, sua militância política, o que ela tem de melhor.

Durante mais de uma hora depois da passagem da candidata do PT Dilma Rousseff, acompanhada do presidente Lula e do vice-presidente José Alencar, os carros continuaram desfilando na Savassi, soando buzinas, agitando bandeiras e principalmente expressando entusiasmo com a eleição da primeira presidente belo-horizontina. Uma hora de carro passando sem parar é muito carro. Seguiam Dilma até a Praça Sete, onde ela discursaria. Realmente, agora, os belo-horizontinos se engajaram na campanha.

Dilma, Lula e José Alencar desfilaram em carro aberto, recebendo aplausos e cumprimentando a multidão, sorrisos vencedores nos lábios. Foi emocionante. Foi alentador. Cheguei a pensar que a classe média da capital tinha guinado para a direita. A carreata de hoje demonstrou que não, pelo menos não a maioria.

Havia serristas na Savassi, mas eram poucos, visivelmente contratados, jovens que faziam coreografias e entoavam refrões ofensivos a Dilma. Demonstrando a agressividade e o radicalismo que a direita deu à eleição, chutavam violentamente bandeiras da candidata petista.

Em contraponto, jovens, idosos, crianças, pessoas de todas as idades se aproximavam, sorridentes, pedindo adesivos e bandeiras da – oxalá! – futura presidente. O velho jingle de 1989 foi improvisado e adaptado: "Dilma lá! É a gente junto! Dilma lá!"

Um colega jornalista me mostrava a Folha de S.Paulo que resolveu, enfim, publicar hoje a notícia sobre o aborto da mulher do Serra, que aqui na web circula há dias. Deu sem destaque, não transformou em manchete, como certamente faria se fosse com Dilma, mas deu.

Somada à pesquisa do Datafolha, que indica Dilma oito pontos na frente, é material suficente para assustar Serra. "Ele vai ficar revoltado com a Folha", avisou meu amigo jornalista, que conhece bem o candidato tucano.

A baixaria da nova direita que a "grande" imprensa amplifica não me interessa tanto quanto o entusiasmo da população belo-horizontina, que eu julgava morto. Não está. É um grande alento para a cidade.

Sábado que vem tem mais: abraçar a Contorno, com o mesmo entusiasmo, o mesmo civismo, a mesma alegria. Para eleger a primeira belo-horizontina presidente.