Dois setores se destacam nesta eleição pelo barulho que fazem: a velha mídia e os religiosos conservadores. Sua capacidade de manipular informações e transformar os candidatos em reféns torna sua influência no resultado eleitoral desproporcional ao seu real peso social. No caso da velha mídia, dominada por meia dúzia de famílias e militância política protofascista, isso é claro. No caso dos religiosos, trata-se de uma questão que precisa ser melhor conhecida. É fato que os evangélicos cresceram muito no país, o número de templos já rivaliza com o de botequins, mas qual é sua real influência sobre seus fiéis? Por exemplo: se os evangélicos são contra o aborto e, ao contrário dos católicos, eles levam a sério o que manda a religião, o número de abortos no país deveria ter caído nos últimos anos. Da mesma forma, está para ser avaliada a força dos católicos, depois da reação conservadora dos papas João Paulo II e Bento XVI.
Da Carta Capital.
Homofobia: movimentos LGBT denunciam oportunismo eleitoral
Bruno Huberman e Ricardo Carvalho
18 de outubro de 2010 às 11:20h
Os concorrentes à presidência da República José Serra (PSDB) e Dilma Rousseff (PT) disputam o voto evangélico, que ficou sem candidato após Marina Silva cair no primeiro turno. Depois do aborto ser explorado até as últimas, Serra e Dilma foram questionados a respeitos das reivindicações do movimento LGBT (Lésbicas, Gays, Bissexuais e Transgêneros). (...) Na quinta-feira 21, Serra mostrou-se favorável à união estável entre pessoas do mesmo sexo. “Acho que a questão do casamento propriamente dito está ligada às igrejas. A união em torno dos direitos civis já existe, inclusive, na prática, no Judiciário. Eu sou a favor do efeito do direito. Outra coisa é o casamento, que tem o componente religioso. Cabe a igreja decidir sua posição”, afirmou o tucano. “O que é relativo à religião é o casamento entre homossexuais, união civil é uma questão de direitos civis”, disse a candidata petista em visita ao Piauí. Dilma também encontrou-se com líderes evangélicos, que cobraram a divulgação de uma carta aberta na qual ela se comprometeria a vetar a união homossexual. “O compromisso que assumo, posto que o Brasil é um Estado laico, é de jamais enviar legislação ou sancionar lei ao direito das religiões. O casamento entre homossexuais ou outra opção sexual é algo que ninguém pode interferir”, disse a petista.
A íntegra.