quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Globo e SportTV: desrespeito e incompetência

Quarta-feira, 28 de outubro, reta final do campeonato brasileiro, jogão em Sampa: São Paulo x Inter, valendo a liderança. Que jogo a Globo transmite? Barueri x Flamengo!
Isso mesmo! Enquanto rola São Paulo x Inter, a Globo (e a Band, que sempre passa o mesmo jogo da Globo) transmite Barueri x Flamengo!
E o SporTV? Reprisa campeonato de ginástica! O apresentador sai de Curitiba, de onde transmitiu Atlético PR 1 x 1 Santos e reaparece em Londres logo em seguida!
Já não é só desrespeito ao telespectador, a Globo e o SporTV (uma coisa só) manifestam a incompetência dos decadentes.

domingo, 25 de outubro de 2009

Análise da rodada 3

Para ser campeão o Atlético depende apenas dele mesmo: vencer os rivais Flamengo, Internacional e Palmeiras, além do Corinthians, na última rodada, no Mineirão, e somar pontos contra os times mais fracos. Como se vê, sua sequência é a mais difícil, o que equivale dizer: o Atlético só será campeão se jogar realmente futebol de campeão. Outros clubes podem até vacilar ainda, o Atlético não. O jogo contra o Fluminense não é decisivo, mas não ganhar do lanterna, mesmo fora de casa, será um indicativo de que não tem força para derrotar Flamengo, Inter e Palmeiras.

O Palmeiras tem a sequência mais fácil dos cinco primeiros colocados. Seu grande adversário, além do Atlético, é ele mesmo, porque está em queda e precisa recuperar a personalidade de time vencedor. O próximo jogo, contra o Goiás em casa, é um jogo sob medida para isso. O Goiás está em queda e já não é mais aspirante ao título, dificilmente conseguirá uma vaga na Libertadores. Depois do Goiás, o Palmeiras tem o clássico contra o Corinthians, talvez sua maior ameaça, mas o rival vai mal, e vencê-lo, depois de vencer o Goiás, funcionaria como um aviso de que o título de 2009 é seu. Na sequência virão Fluminense e Sport, rebaixados. O Grêmio, no Olímpico, pode ser o jogo do título; talvez enfrente o Atlético podendo até perder. Na última rodada, mais um adversário possivelmente rebaixado, o Botafogo.

A sequência do Inter é a segunda mais difícil, enfrenta o São Paulo e o Atlético nos campos dos adversários. Em compensação, pega o Barueri e o Santos, que vão mal, e três times virtualmente rebaixados: Sport, Santo André e Botafogo.

A sequência do São Paulo, se a gente considerar o time que venceu o Santos hoje, também é fácil. O jogo mais difícil é o da próxima rodada, contra o Inter. Outro jogo difícil é contra o Grêmio, fora; o tricolor gaúcho não está jogando nada, mas contra alguém terá de endurecer. Os outros jogos são: Barueri, Vitória, Botafogo, Goiás e Sport.

O Flamengo também tem jogos fáceis intercalados com outros que podem se tornar difíceis: Barueri, Santos, Náutico, Goiás, Corinthians e Grêmio. Jogar contra o Atlético no Mineirão de certa forma é bom, porque não tem obrigação de vencer.

A sequência de jogos mais fácil entre todas é a do Cruzeiro, só contra time rebaixado ou que vai mal: Sandro André, Fluminense, Sport, Grêmio, Atlético PR, Grêmio, Coritiba e Santos. É perfeitamente possível dizer que ele vai vencer todas as partidas e terminar o campeonato com 69 pontos. Duvido que o campeão deste ano some mais do que isso, o que significa que o Cruzeiro pode ser campeão. Uma vaga nas Libertadores, então, parece mais que certa. A não ser que perca jogos fáceis e desande novamente. Embora tenha um elenco muito bom e um padrão de jogo bem definido, o time tem um problema psicológico, sempre tem um jogador expulso, e se perde, quando o resultado fica adverso.

Alguns times que já não têm aspirações maiores nem correm risco de rebaixamento funcionarão como uma espécie de fiel da balança, porque enfrentarão dois ou mais pretendentes ao título: Goiás, Grêmio, Corinthians e Santos. Eles podem ser decisivos para a pretensão de um clube ou outro.

Ao fim da 31ª rodada, a situação é de otimismo para as torcidas de todos os clubes pretendentes ao título e à Libertadores, exceto Palmeiras e Goiás, justamente os dois que se cruzam na próxima rodada. Qual deles se sairá bem e dará um novo salto no campeonato? Ou se sairão mal os dois, empatando?

Considerando as circunstâncias de Palmeiras e Goiás e o enfrentamento entre São Paulo e Inter, é possível até que o Atlético recupere a liderança, vencendo o Fluminense.

A 31ª rodada representa, portanto, uma virada no campeonato. Todos os times, exceto Palmeiras e Goiás, jogaram para ser campeão.

A 32ª rodada mostrará se essa virada se mantém ou foi só aparente. Talvez o campeonato continue emocionante e aberto até o fim. Talvez alguns clubes comecem a ficar de fora da corrida para o título e restem apenas três ou quatro, em vez dos seis pretendentes atuais.

Análise da rodada 2

Se todas as vitórias não são iguais, todas valem três pontos igualmente, e no fim das contas é isso que vale.
Nas próximas rodadas, times que venceram jogos difíceis podem perder pontos em jogos mais fáceis e times que venceram jogos fáceis podem vencer jogos difíceis.
Análise e previsão em futebol só valem depois que os jogos acabam e só valem antes dos próximos jogos começarem. A análise fez previsões com base no que já aconteceu, mas o que vale é o que vai acontecer. E no futebol isso é imprevisível.
Exemplo 1: Rogério Ceni foi decisivo na vitória do São Paulo hoje. No entanto, o gol de falta que fez foi o primeiro este ano. E se ele tivesse sido expulso antes, não depois da falta?
Exemplo 2: o Atlético venceu ontem, mas um chute do Vitória bateu na trave e passou por toda extensão do gol sem entrar. Tivesse entrado, a situação do Galo hoje seria outra.
Exemplo 3: o Botafogo perdeu um pênalti na derrota para o Flamengo, outro time que estaria em situação pior, caso empatasse nesta rodada.
O que dá para fazer é analisar tendências a partir do que já aconteceu. Quando a bola rolar, tudo pode mudar.

Análise da rodada

De repente, todo mundo resolveu querer ser campeão. Menos o Palmeiras.
Se todo mundo quer ser campeão, o que vai decidir é o nível dos adversários. Analisando a rodada, vemos que todos os times que estavam abaixo do Palmeiras, querendo chegar à liderança ou ao G4 venceram, exceto o Goiás. As vitórias, porém, não foram todas iguais.
O Atlético venceu o Vitória, no Mineirão. Era um jogo em que a vitória era obrigatória.
O São Paulo venceu o Santos, na Vila Belmiro, empatando duas vezes, virando o placar outra, e ainda desempatando depois. E terminou sem Rogério Ceni, expluso injustamente (é verdade que depois que ele já tinha feito um gol de falta). Era um jogo em que a vitória não era obrigatória, clássico regional, fora de casa, mas era necessária para recuperar o moral do time.
O Internacional venceu o Grêmio, um clássico regional. A mesma situação do São Paulo, com a vantagem de ter jogado no seu campo.
O Flamengo venceu o Botafogo, outro clássico regional. Mesma situação do Inter.
O Cruzeiro venceu o Corinthinas fora de casa. O Corinthians não é mais nem sombra do time que foi até meados do ano, mas jogava no seu campo, tinha Ronaldo e ficou uns quinze minutos com um jogador a mais. O Cruzeiro voltou a jogar como jogava até perder a Libertadores.
Tanto São Paulo, como Inter e Flamengo estavam melhores do que Santos, Grêmio e Botafogo, mas clássicos regionais servem mesmo para reverter favoritismo. É bom lembrar que o Atlético também estava melhor do que o Cruzeiro e perdeu o clássico, há três rodadas. Tivesse ganhado, hoje seria líder, e o rival não teria chance de ser campeão. Aquele pode vir a ser o jogo decisivo do campeonato para o Atlético, e será duplamente frustrante perder o título (ou a vaga na Libertadores) para o rival por três pontos.
Por tudo isso, podemos ver que, embora esteja em segundo lugar e depender apenas de si mesmo para ser campeão (ganhando do Palmeiras e somando mais pontos que os demais candidatos ao título nas rodadas que faltam), o Atlético foi o time que, nesta rodada, venceu o jogo mais fácil.

Todo mundo agora quer

O São Paulo também quer ser campeão. 4 a 3 no Santos, na Vila Belmiro. (Simon, que devia ter aposentado há dez anos, fez mais uma lambança.)
O Internacional também quer ser campeão: 1 a 0 no Grêmio (frango do Vítor.)
O bom é que São Paulo e Inter se enfrentam quarta-feira, um vai matar o outro. Depende do Galo continuar colado no Palmeiras. Ou passá-lo.
O Flamengo também quer ser campeão. Todo mundo agora resolveu querer ser campeão!
Até o Cruzeiro quer ser campeão (com gol em impedimento)! Só tem jogo fácil. Se vencer todos, faz 69, o campeão não vai ter mais que isso. Quem vai parar o Cruzeiro?

sábado, 24 de outubro de 2009

Ai meu coração!

O lema do Atlético nas sete rodadas que faltam: se ninguém quer ser campeão, nós queremos! Gaaalooooo!
Um time tem cara de campeão quando a gente é capaz de decorar sua escalação. O Atlético, nesta reta final, está ganhando esse jeito.
Carini, Coelho, Jorge Luiz, Werley e Thiago Feltri; Jonilson, Serginho, Correia e Ricardinho; Tardelli e Éder Luís.
E com reservas que sempre entram, como todo grande time tem: Márcio Araújo, Renteria, Evandro, Marques...
Marques. Já pensou? Campeão brasileiro dez anos depois da última oportunidade perdida, quando ele era o craque do time? Seria bom demais!
É, pode ser. Por que não? Ninguém está querendo ser. Não tem time melhor, olhando bem. Elenco experiente, bons jogadores...
Quem sabe chegou a vez do Roth? Tem que vencer o Flamengo e o Inter, no Mineirão. Arrancar pontos contra Fluminense e Coritiba...
Jogar como campeão. Decidir o título com o Palmeiras em São Paulo e depois fazer a festa no Mineirão, contra o Corinthians.
A festa que está guardada desde 77. Ai meu coração! A gente quer e merece!
Se isso acontecer, dou a mão à palmatória, escrevo aqui, de coração: Celso Roth é o melhor treinador do mundo!

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

Liberdade de imprensa só existe quando o governo é de oposição

Liberdade de imprensa é um mito do capitalismo. Funciona assim: a "grande" imprensa é um partido da burguesia - partido auxiliar ou partido principal, conforme a época e a necessidade. A burguesia está poder, por meio de prepostos, então a "grande" imprensa atua como partido do governo. "Hay gobierno, soy a favor" é seu lema. Quando, por dificuldades no percurso, o governo não corresponde ao que a burguesia quer, a "grande" imprensa faz oposição, como porta-voz da burguesia. Dessa forma, aquela frase predileta do Millôr Fernandes, "imprensa é oposição, o resto é armazém de secos e molhados", só se cumpre quando o governo não agrada a imprensa. Em Minas Gerais, só tivemos imprensa de oposição - ou "liberdade de imprensa" - no governo Newton Cardoso (1986-1990), que não entrou em acordo com a principal empresa de comunicação regional. Vivemos a mesma situação no país hoje, com a oposição do partido Veja/Globo/Folha ao governo Lula. Quando o governo faz o que os capitalistas querem, a imprensa nem se lembra da tal da liberdade de imprensa. Prevalece a liberdade de empresa.

Lula e Pimentel

Um ano depois, Lula mostra como ele e o ex-prefeito Pimentel são diferentes. Da entrevista à Folha, hoje:

FOLHA - O sr. defende uma coalizão e uma disputa plebiscitária. Se a coalizão é importante, por que o candidato deve ser do PT e não de um partido aliado?
LULA - Porque seria inexplicável para grande parte da sociedade o maior partido de esquerda do país, que tem o presidente, não ter um sucessor.


Foi o que Pimentel fez em Belo Horizonte em 2008.

Liberalismo e reformismo

O capitalismo é um sistema econômico que atravessa séculos se transformando, se implantando, se estabelecendo, se defendendo para sobreviver. O capitalismo operou maravilhas na civilização, mas as fez paralelamente a muitas destruições. Desde sempre – basta pensar nos povos indígenas da “América” e nos africanos escravizados. Por quê? Porque seus fundamentos são injustos: propriedade privada dos meios de produção, apropriação privada das riquezas, busca incessante do lucro, que significa produzir cada vez mais, destruir cada vez mais os recursos naturais, explorar o trabalho o mais que puder. Esse móvel do capitalismo é incompatível com planejar o futuro, distribuir as riquezas, democratizar o poder. No capitalismo há sempre poucos ganhando muito e desfrutando das riquezas produzidas, enquanto muitos trabalham, ganham e desfrutam pouco. É a essência do sistema.

A história se dá por luta de classes, em última instância. Os capitalistas ascenderam porque lutavam contra a ordem feudal e lideraram as classes oprimidas. Representavam o crescimento econômico, o progresso, o aumento das riquezas materiais e imateriais – conhecimento, artes, liberdade. Prometeram liberdades e direitos, que, uma vez no poder, nunca foram capazes de cumprir integralmente e universalmente, porque vão contra seus interesses. Ao longo dos séculos, os capitalistas usaram de todos os recursos para se manter no poder e realizar seus interesses, seja a guerra, seja o golpe de estado, seja o fascismo, seja a ditadura militar. Um desses recursos é a manipulação da informação, por meio dos meios de comunicação de massa tradicionais (jornais, rádio, televisão, cinema), controlados por meia dúzia de imensos e poderosíssimos grupos, e que constituem uma espécie de partido moderno do capital. Porque é óbvio que o capitalismo compromete a sobrevivência da existência humana, destrói o planeta, impede a justiça e a distribuição de riquezas, fomenta guerras, provoca crises econômicas – e a realidade precisa ser escondida e deturpada.

Depois de algumas décadas em que grassou a ideologia mais sincera do capitalismo, o liberalismo, agora batizado de "neoliberalismo" (de forma resumida, ela sustenta que o mercado livre resolve todos os problemas, portanto odeia ações do Estado que distribuem renda, aumentam impostos, criam estruturas; na verdade, os liberais querem e sempre tiveram o Estado agindo a seu favor, implantando políticas que fomentam os lucros, como obras públicas para a indústria da construção, desemprego para baixar o preço da mão-de-obra, investimentos em estruturas que auxiliam os negócios etc.; quando discursam contra a intervenção do Estado na economia, na verdade os capitalistas querem dizer "intervenção do Estado na economia que não seja a nosso favor, que seja a favor dos trabalhadores"), depois de algumas décadas em que o neoliberalismo grassou, uma nova crise econômica exigiu intervenção do Estado para preservar o sistema.

Esse é um caminho inaugurado há quase um século, caminho que salvou o capitalismo das crises que quase o destruíram no século XX, representadas por duas guerras mundiais, a revolução russa e outras revoluções socialistas, uma crise mundial e a ascensão do fascismo. Desde então os capitalistas vêm alternando políticas liberais e políticas intervencionistas, estas quando aquelas falham. Enquanto a crise não vem, o liberalismo grassa, porque garante lucros fantásticos; quando a crise vem, o Estado intervém para salvá-lo, criando novas regras e políticas – e lucros renovados.

É claro que as políticas sociais dos momentos de crise do capitalismo são melhores para os trabalhadores, porque distribuem renda, criam benefícios, ampliam direitos. É isso que os capitalistas temem – quanto menos anéis cederem para conservar a mão, melhor para eles. Além do mais, nesses momentos, se preservadas as regras do jogo político, isto é, as eleições burguesas, costumam ser vitoriosos políticos que têm apelo reformista e partidos mais próximos do povo.

Em geral esses partidos e políticos são de esquerda, são socialistas e democráticos, mas podem também ser de direita – o partido nazista era reformista. Os capitalistas usam de todos os recursos para se manterem no poder, inclusive partidos fascistas e militares sanguinários. Atualmente, os capitalistas mantêm a indústria da guerra com exércitos terceirizados, milícias mercenárias organizadas na forma de empresas prestadoras de serviços aos Estados, especialmente aos EUA da era Bush neoliberal.

Os efeitos do reformismo de esquerda são nefastos para o capitalismo, porque difíceis de serem revertidos; os efeitos do reformismo de direita também, porque nunca se sabe onde vão parar; geralmente acabam mal, na tomada do poder por reformistas do extremo oposto – daí a importância de transições negociadas e sem convulsões, como a que aconteceu no Brasil em 1985 (o Brasil é um excelente modelo de ordem capitalista bem-sucedida, uma vez que governos de esquerda se encarregaram de implantar, sucessivamente, o liberalismo e o reformismo social, de acordo com as regras e sem grandes transtornos).

O liberalismo é o melhor modelo para os capitalistas, não por ideologia política – isso é a classe média que trata de criar, com suas teorias e academicismos. O liberalismo é o melhor para os capitalistas porque lhes permite ganhar muito dinheiro sem muitos riscos e aborrecimentos, com o Estado todo trabalhando a seu favor, com dedicação. Como ele sempre falha, porém, eles aceitam a intervenção reformadora de esquerda, mas zelam para que ela não vá longe demais, que apenas recupere as condições para um novo ciclo de expansão e uma nova vaga liberal. Na verdade, desde que o revolução socialista operária saiu de cena, a questão social se limita a isso: saber quanto o capitalismo será transformado por um novo ciclo de reformas, que duração e profundidade terão essas reformas, quão irreversíveis na história da humanidade elas serão, e se, enfim, acabarão por substituir o capitalismo por um sistema econômico mais evoluído.

Invictus

Essa história do Obama contra a Fox e do Lula contra Veja/Folha/Globo me lembra uma revistinha de quadrinhos que eu colecionava na infância: Invictus - Batman e Super-Homem juntos contra o mesmo inimigo! O mundo criou seus super-heróis para combater as forças mais obscuras do capitalismo. Podemos ampliar e ver uma nova Liga da Justiça, com Hugo Chávez como Flash, Evo Morales como Lanterna Verde...

Obama contra a Fox

A imprensa imparcial é um mito do capitalismo. A liberdade de imprensa é uma das várias liberdades que a burguesia prometeu e não realizou. Nos EUA é um fundamento da nação, por isso seu abandono faz tantos estragos, mas em países da periferia do capitalismo, como o Brasil, ela nunca foi levada a sério. Obama mostrou o caminho, quando se valeu da internet para se eleger. A rede é uma dessas inovações que o capitalismo cria e o colocam em xeque. Os grandes empresários perderam o controle da informação, por isso radicalizam nos veículos tradicionais, que dominam. A "grande" mídia se transforma, nos dias atuais, no que o fascismo já foi, quase cem anos atrás, como instrumento de salvação do capitalismo. Não nos enganemos com novas teorias e terminologias, Marx já deu nome a isso no século XIX: luta de classes. Os problemas que estão aí são grandes demais para que a economia "de mercado" dê conta de resolver, e é isso, em última instância, que os capitalistas sempre querem. Nas últimas décadas foi chamada de neoliberalismo. Qualquer limite ao capital, qualquer distribuição de renda mexem no seu bolso e no seu poder. Aqui, essa gente não é capaz nem de engolir Lula, que, olhando bem, fez o quê? Fez o capitalismo funcionar, os negócios darem lucros e os banqueiros ganharem como nunca. E Obama? Representa na melhor das hipóteses uma demanda social que explodiu há cinquenta anos. No capitalismo atual há muita gente ganhando de forma criminosa – para citar apenas três setores: os bancos, a indústria automobilística e a indústria bélica – e que só sobreviverá à custa de mais danos à sociedade, à vida e ao meio ambiente. O capital tem também setores avançados, como a indústria da informática, mas não são eles que mandam. Talvez estejamos assistindo, nos EUA, a uma disputa de poder entre esses grupos atrasadíssimos, que podemos chamar de indústria da morte, e outros grupos modernos do capital, que fazem avançar a civilização.

O campeonato que ninguém quer ganhar

A característica deste campeonato brasileiro é que ninguém quer ser campeão. Dito de outro forma: a sete rodadas do fim, não existe um time com perfil de vencedor, com futebol de campeão. Como foi o São Paulo no ano passado, que se recuperou e seguiu firme na segunda metade da competição e se aproveitou da queda do Grêmio (de Roth). O Palmeiras continua sendo o principal candidato, porque, mesmo depois de uma série horrorosa, continua líder. Precisava ganhar quatro jogos para ser campeão, mas um deles, um dos fáceis, era contra o Santo André. Agora pesa contra o time o sentimento de estar em queda, de não conseguir vencer. A seu favor ele tem a incompetência dos que vêm atrás dele.
A gente poderia dizer que o São Paulo tem a chance novamente, mas também o São Paulo não demonstrou firmeza até agora. O Flamengo está num bom momento, mas já teve bons momentos antes e depois caiu. O Inter nunca caiu muito, mas também nunca demonstrou perfil de campeão. O Atlético foi melhor, manteve a liderança durante bom tempo, mas caiu e tornou a subir. A questão do Galo é que não se impôs ainda diante de times mais fortes, e são justamente estes que ele tem pela frente na reta final. Neste momento, o Atlético é o único que depende apenas de si para ser campeão, além do Palmeiras, porque tem um confronto direto com o atual líder. Para ser campeão, porém, precisa se comportar como tal daqui pra frente. Pode começar sábado, vencendo o Vitória, no Mineirão; mais que vencendo, jogando futebol de campeão, fazendo resultado incontestável – 3 a 0, por exemplo. Eu não acredito nisso. Gostaria de estar enganado.
Fora o Atlético, as possibilidades são: 1) o próprio Palmeiras se equilibra nesta semana que ficará sem jogar; 2) o São Paulo finalmente se impõe; 3) o Flamengo mantém a boa fase; 4) o Inter de Mário Sérgio finalmente joga o futebol que todos dizem que pode jogar; 5) o Goiás se recupera, volta a ser imbatível em casa, vence o Palmeiras na próxima rodada; 6) o Cruzeiro faz uma série fantástica de resultados (é o clube que tem a sequência mais fácil) e atropela todos os outros. Mas que o campeonato é imprevisível, é. Emocionante, não pela qualidade técnica dos times e dos jogos - Santo André 2 x Palmeiras 0, hoje, foi emocionante, mas não foi bom -, e sim porque tudo pode acontecer. Talvez no fim de semana apareça, enfim, o time com pinta de campeão. Isso, só isso, torna a rodada emocionante.

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

O Bolsa Família e a fome no mundo

Brasil é apontado como exemplo no combate à fome
No Dia Mundial da Alimentação, 16 de outubro, a FAO e a Action Aid divulgaram estudos sobre a situação da fome no mundo. As duas organizações destacaram a qualidade das políticas implementadas pelo governo brasileiro no combate à fome e à pobreza. Em 2009, segundo a FAO, mais de 1 bilhão de pessoas vivem em situação de subnutrição. Situação piorou depois da crise econômica mundial. A produção mundial de alimentos deve aumentar em 70% nos próximos 40 anos para suprir a demanda crescente, adverte a FAO.
Redação - Carta Maior

http://www.cartamaior.com.br/templates/materiaMostrar.cfm?materia_id=16195&boletim_id=603&componente_id=10129

OBS: 1) O sucesso do governo Lula se deve às suas políticas para os ricos, mas sua popularidade vem das políticas para os pobres;

2) Essas estatísticas malthusianas que projetam necessidade de crescimento da produção de alimentos para estancar a fome são furadas, sugerem que o problema da fome é falta de alimentos, quando é a desigualdade na distribuição. Basta ver o que programas como Bolsa Família e Fome Zero são capazes de fazer – se dependesse dos capitalistas, eles nunca seriam implantados. Os neoliberais dizem que o mercado vai resolver os problemas sociais. Mentira. Dizem isso há duzentos anos, sabem que não vai acontecer, sabem que o mercado só aumenta a desigualdade. E é isso que eles querem. Ao capitalismo não interessa que o pobre coma, o que ele quer é que quem tem dinheiro compre cada vez mais, coma cada vez mais, porcarias desnecessárias. Obesidade já é uma epidemia nos países ricos e entre as classes ricas dos pobres.

Palpite

O Palmeiras, líder do campeonato brasileiro, tem 54 pontos. Ainda manteria a liderança com 51 pontos. Ou seja, nesta altura do campeonato (30 rodadas e 90 pontos disputados) o título seria conquistado com 56,66% de aproveitamento. Ao final do campeonato (38 rodadas e 114 pontos), este índice é atingido com 64,59 pontos, ou seja, 65 pontos. Isto significa que o Palmeiras precisa vencer quatro jogos em oito para ser campeão. Ou vencer três e empatar três. Ou ainda vencer dois e empatar todos os outros seis. A não ser que outro clube que vem correndo atrás faça uma campanha espetacular. Por exemplo, o Atlético: vencer cinco dos oitos jogos que lhe restam. Ou o Inter: vencer cinco e empatar uma. Ou o São Paulo: idem. Ou o Flamengo: vencer cinco e empatar duas. Ou o Goiás: vencer seis e empatar uma. Ou o Cruzeiro: vencer seis e empatar duas. A sequência do Palmeiras é bem mais fácil do que a do Atlético; dos seus oito jogos, quatro são contra equipes ameaçadas de rebaixamento: Santo André, Fluminense, Sport e Botafogo. Contra o Atlético e o Goiás, tem a vantagem de jogar em casa. Tem ainda o clássico contra o Corinthians e um jogo difícil contra o Grêmio, no Olímpico. O Inter também tem sequência mais difícil do que a do Palmeiras, mas mais fácil que a do Atlético: Grêmio, São Paulo (fora), Botafogo, Barueri (fora), Santos, Atlético (fora), Sport (fora) e Santo André. Se ganhar o Grenal, não seria demais contar com mais nove pontos (os três jogos fáceis em casa), mas precisaria de mais uma vitória fora de casa. O São Paulo tem sequência aparentemente mais fácil (Barueri, Vitória e Sport em casa, Botafogo, fora, além da vantagem de pegar o Inter em casa), mas tem jogos complicados fora: Santos, Grêmio e Goiás. Se vencer o Santos, pode dar a arrancada para o título, desde que vença os quatro jogos em casa. Para o Flamengo, quinto colocado, a arrancada tem que ser ainda mais sensacional, mas, olhando bem sua sequência talvez seja a mais fácil: Botafogo, Barueri (fora), Santos, Atlético (fora), Náutico (fora), Goiás, Corínthinas (fora) e Grêmio. Vencendo o clássico e os jogos em casa, empatar com o Galo será excelente resultado.
O cálculo para disputar a Libertadores deve ser revisto: 62 pontos, talvez menos. A pontuação considerada mínima para o torneio na verdade valerá o título brasileiro de 2009. Isto significa que o Atlético precisará vencer quatro jogos para entrar. É menos do que o time fez até agora. Acontece que a sequência do clube também é mais difícil do que a enfrentada até agora. Para garantir a vaga na Libertadores o Galo terá de jogar mais do que vem jogando. Por isso o jogo contra o Cruzeiro, sem trocadilho, foi crucial.

domingo, 18 de outubro de 2009

Reta final

Vitória, Fluminense, Goiás, Flamengo, Coritiba, Internacional, Palmeiras, Corinthians. Esta é a dificílima sequência final do Atlético no campeonato brasileiro 2009 (em negrito os jogos fora de casa). Cada jogo é uma decisão, basta imaginar o que será enfrentar Flamengo e Inter, no Mineirão, Palmeiras e Goiás, fora. Apesar da vitória surpreendente sobre o São Paulo, o jogo decisivo do Atlético já passou, foi a derrota para o Cruzeiro. Poderia estar hoje a um ponto do Palmeiras e decidir o título no confronto direto, em São Paulo, na penúltima rodada. Daqui pra frente, o Atlético tem dois caminhos: ou joga como campeão (isto significa necessariamente vencer Vitória, Flamengo, Inter e Corinthinas no Mineirão e o Palmeiras em São Paulo) ou comprova a mediocridade de Roth e se conforma com a Sul-Americana. Aposto na segunda hipótese. Pior: vamos perder a vaga na Libertadores para o rival, em ascensão (ajudado pela arbitragem venceu hoje o Botafogo, está em 7º lugar, a quatro pontos do G4 e tem uma sequência muito mais fácil). Meu palpite (pessimista) é que o Atlético fará mais sete a dez pontos e terminará o campeonato com 57 a 60, em sétimo lugar, como no ano passado. Lembremos: em 2008, o time era humilde e seu treinador, Marcelo Oliveira, prata da casa. Este ano, com muito mais pompa e gogó, ficaremos na mesma colocação.

segunda-feira, 12 de outubro de 2009

O novo paradigma da comunicação II

ONGs, governos, empresas e organizações diversas formam o novo e pulverizado mercado de trabalho do jornalista na internet

O novo paradigma da comunicação criado pela internet gera novas formas de trabalho para o jornalista. Uma delas é o jornal de jornalistas, sem patrão; mais frequentes, pelos menos por enquanto, são os blogs de jornalistas e as revistas eletrônicas, escritas por especialistas e que contêm mais artigos do que reportagens. Outras formas são os blogs e portais de organizações não governamentais, governos, empresas e organizações diversas. A seguir alguns exemplos desse espectro.

1- Quem quer se informar sobre trabalho escravo e exploração do trabalho no Brasil deve ler o portal Repórter Brasil, do cientista político e jornalista Leonardo Sakamoto, que tem também um blog; o blog é mais pessoal, o portal é noticioso, mas ambos são informativos. Repórter Brasil é produzido por uma ONG de mesmo nome, cujo objetivos é “fomentar a reflexão e ação sobre as diversas situações de injustiça presentes em nossa sociedade, tanto nos casos de flagrante desrespeito aos direitos humanos, como nas condições sociais e estruturais sub-humanas de vida”. A ONG, criada em 2001, tem quatro eixos de atuação: “jornalismo social, projetos de educação e comunicação, combate à escravidão e pesquisa sobre agrocombustíveis”. Ou seja, o jornalismo, que Repórter Brasil faz na internet, é uma das linhas de atuação da ONG, que, ao mesmo tempo, não se limita ao jornalismo. O jornalismo é um instrumento “social” para que a ONG cumpra suas funções de combate à escravidão, educação e pesquisa. Obviamente, para produzir seu portal Repórter Brasil precisa de repórteres, o que significa que faz parte desse novo e pulverizado mercado de trabalho para o jornalista.
http://www.reporterbrasil.org.br

2- Outra iniciativa é a Agência de Informação Frei Tito para América Latina (Adital), criada com apoio e participação do Frei Beto, com os objetivos de levar a agenda social latino-americana e caribenha à mídia internacional, estimular um jornalismo de cunho ético e social, favorecer a integração e a solidariedade entre os povos, entre outros. A Adital reconhece os atores sociais como fontes de informação e democratizadores da comunicação.
http://www.adital.org.br

3- O presidente da República fala diretamente com o público pela internet, no seu blog, o Blog do Planalto. Não se limita a programas semanais no rádio e aparições esporádicas na televisão, ele se comunica várias vezes por dia usando a internet. Pelo Blog do Planalto o leitor (eleitor, cidadão, brasileiro) ficada sabendo de todos os passos do presidente. O blog do Lula, porém, não é escrito por ele, e sim por jornalistas que o acompanham.
Também o ministro Patrus Ananias tem o seu blog, mais pessoal, menos frequente, mas também contendo informações de interesse público e escrito por ele.
http://blog.planalto.gov.br/
http://blogdopatrus.com.br/blog/

4- A Petrobras, maior estatal brasileira, produziu um terremoto ao criar o seu blog. A alegação da “grande” imprensa é que ela seria “furada” pela estatal, uma vez que esta passou a publicar no blog a íntegra das informações e entrevistas dadas à imprensa. Feito um reajuste nesse modelo, pelo qual a versão da empresa é publicada juntamente com a versão da imprensa, o blog segue firme, tendo inaugurado um novo canal de comunicação que está sendo copiado por outras organizações. Tal iniciativa é ao mesmo tempo simples e revolucionária, porque elimina o filtro da “grande” imprensa para as informações, ao mesmo tempo que permite que a estatal pratique a transparência, respondendo com agilidade a qualquer notícia divulgada nos veículos tradicionais. Mais uma vez a produção do blog exige o trabalho de jornalistas.
http://petrobrasfatosedados.wordpress.com/

5- O youtube do Planalto. O governo federal usa o youtube para divulgar as obras feitas pelo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), programa que está transformando o país, ajudando o presidente Lula a manter seu altíssimo índice de popularidade e que, recentemente, foi decisivo para que o tsunami da crise capitalista mundial não passasse aqui de uma “marolinha”. São pequenos filmes de propaganda e divulgação, no formato do youtube, que seguem caminho descoberto por outras organizações, como o cinema brasileiro e artistas independentes.
http://www.youtube.com/watch?v=UVVElgGDAIs&feature=PlayList&p=E6123ABE04FB57AB&index=0

Como se vê, o novo jornalismo colaborativo se confunde em parte com esse universo também novo e próspero de organizações não governamentais. É nele, como meio de comunicação alternativo, que o novo paradigma da comunicação floresce mais rápida e fortemente. Talvez não seja exagero dizer que, tanto quanto o modelo antigo se sustentava na iniciativa privada, o novo paradigma depende de organizações da sociedade e de recursos diversos, inclusive internacionais, e de programas sociais do Estado, para se viabilizar. Assim é que o Repórter Brasil, por exemplo, sobrevive de colaborações públicas e privadas, legitimadas por sua importante atuação no combate ao trabalho escravo.

Por trás dos blogs do governo se pode identificar a necessidade (além da competência do ministro Franklin Martins): o governo Lula, bem como a Petrobrás estão sob bombardeio permanente da “grande” imprensa – o partido do capital – e usam os blogs para se defenderem.

Paralelamente se pode ver o atraso de outros governos, como a prefeitura de Belo Horizonte, que não dispõe sequer do canal “fale conosco” nas suas páginas na internet – quem quiser se dirigir à autoridade municipal deverá escrever para a Ouvidoria (por sinal, atenciosa), depois de gastar tempo procurando. O que se percebe é que os governos estão preocupados em manter a comunicação interativa apenas naqueles assuntos que lhes interessam, tais como pagamento de taxas, impostos etc.

Nessa comunicação pulverizada, o Twitter é uma ferramenta utilíssima, ao possibilitar ao leitor receber informação atualizada do que publicam aquelas pessoas ou instituições que lhe interessam. É uma nova forma de se manter atualizado sobre tudo, permanentemente.

O novo paradigma da comunicação

O jornalista é um animal em extinção, porque demora a se adaptar às novas e revolucionárias condições de exercício da profissão

O jornalismo está mudando e o jornalista será talvez um dos últimos a perceber isso. Nós, que já denunciamos tantas espécies ameaçadas de extinção, não percebemos que somos uma também. Não me refiro ao fim da exigência do diploma, decretada por Gilmar, O Supremo, embora essa decisão reforce a tendência. Também não estou me referindo à péssima qualidade do jornalismo praticado do país, que, eliminando a reportagem, elimina também o repórter. Estou me referindo à internet.

A internet está criando um novo paradigma de comunicação. Quando as pessoas trocam um sistema por outro, quando este outro perde adeptos enquanto o novo prospera, há uma mudança de paradigma. É o que está acontecendo na comunicação. Rapidamente a internet está substituindo jornais, revistas, televisões e rádios como principal meio de comunicação. O modelo antigo tinha três características principais: 1) a propriedade dos meios de comunicação concentrada em grandes empresas; 2) a produção da informação por jornalistas profissionais; 3) o consumo de informações pelo público.

A internet subverteu esse modelo. Hoje, para produzir e difundir informações não é preciso mais ser dono de um jornal ou revista, concessionário de emissoras de tevê e rádio, não é preciso contratar uma grande equipe de profissionais, não é preciso gastar com a distribuição da publicação ou com a transmissão de sons e imagens. Não dependemos mais dos empresários (pelo menos do empresário tradicional da comunicação) para escrever, publicar e chegar ao leitor. Qualquer jornalista pode ter seu blog – seu jornal.

Também não é preciso ser profissional para produzir informações. Não é só o jornalista que pode ter seu blog, é qualquer pessoa. Qualquer pessoa reproduz informações e as distribui por meio do correio eletrônico, qualquer pessoa escreve textos e os distribuem aos amigos e conhecidos, entra em blogs e portais, comenta, critica e interfere na informação. Qualquer pessoa com um celular pode fotografar ou filmar um fato jornalístico e colocá-lo na rede com enorme repercussão. Todo mundo pode escrever, todo mundo pode participar da produção da informação.

Jornalismo se tornou uma atitude.

É por isso que o jornalista está em extinção. O jornalista tradicional, é claro. Continua existindo espaço e função para o jornalista – em certa medida, a internet ampliou extraordinariamente o “mercado” para o jornalista profissional, uma vez que, agora, qualquer organização pode tem seu próprio veículo de comunicação e falar diretamente ao seu público, sem depender da intermediação dos jornais, revistas, televisões e rádios.

Esse novo profissional, porém, não é mais o autor solitário da informação, não é o dono da verdade, não é o sujeito que seleciona o que o leitor vai ler (os donos dos veículos tradicionais fazem ainda uma triagem da triagem, seja na edição, seja na pauta, seja na “linha editorial”, seja na “falta de espaço”, seja na censura mesmo). Ele precisa trabalhar em cooperação permanente com o leitor. O novo jornalismo é um jornalismo colaborativo, no qual, além de produzir informação, o jornalista atua como intermediário, em contato com os leitores e as fontes, que também se misturam.

Agilidade, competência e conhecimento para produzir a informação correta de forma colaborativa com o leitor é o lema deste novo jornalismo. Na ausência de jornalistas formados ou profissionais atualizados, o novo paradigma se impõe com leigos, no fenômeno dos blogs. O melhor exemplo disso é o blog do Luís Nassif, certamente o jornalista brasileiro que melhor compreendeu e põe em prática o novo modelo, cercado de uma comunidade de leitores qualificados que já ultrapassou 6 mil membros, no momento em que escrevo. Em contraposição, sindicatos e Fenaj, que não criam nem estimulam a criação de jornais de jornalistas na internet, se comportam como pássaros de gaiola, que veem a portinha aberta, mas não sabem mais voar. São sindicatos de um animal em extinção.

domingo, 11 de outubro de 2009

Como os EUA terceirizaram a guerra

Paramilitares colombianos já foram identificados em Honduras pela ONU. A indústria da guerra é um negócio, em benefício da qual se fazem golpes de Estado. E foi terceirizada pelos EUA. Não é a política externa americana que leva a guerras, é a guerra que orienta a política externa, como mostra esta matéria publicada pela Agência Carta Maior.

A Guerra no Século XXI ou a terceirização da guerra

Em entrevista ao jornal argentino Página 12, Dario Azzelini, pesquisador italiano das novas guerras, defende que "a guerra não é mais para instalar outro modelo econômico; ela é o modelo". "O sentido da guerra mudou. Tradicionalmente era para trocar as elites e o controle das economias, ou introduzir outro modelo de domínio econômico ou político. Agora, em muitos casos as guerras são permanentes. Não se faz a guerra para implementar outro modelo econômico, mas a guerra mesmo é o mecanismo de lucros", afirma o historiador.

Natália Aruguete e Walter Isaía - Página 12

A idéia do conflito permanente cria condições para o surgimento de um modelo econômico que seria impossível de instalar em condições de paz. Ao mesmo tempo, é cada vez mais importante a intervenção de Companhias Militares Privadas (CMPs) em todo o mundo, do Iraque até a Colômbia.

Que significa a denominação de novas guerras que o senhor usa no livro O Negócio da Guerra?

Azzelini: No debate acadêmico e − em parte − o político, a expressão novas guerras foi introduzida para denominar o fato que mais e mais guerras não se dão entre países mas no interior dos países ou, pelo menos, entre um exército regular e um irregular. A expressão, porém poderia se ampliada porque com as modificações de estratégias de sua condução, vemos que até os países com exércitos regulares estão transferindo a violência para empresas privadas ou estruturas paramilitares: atores que não são os tradicionais nas guerras comuns.

Acabaram as guerras entre Estados?

Azzelini: Não é que tenham acabado. Pelo contrário, na última década também houve um aumento das guerras entre países, mas se apresentaram de outra maneira. Os ataques ao Afeganistão ou Iraque foram guerras entre países, mas a porcentagem das guerras irregulares em comparação com as regulares está aumentando.

Isso obedece à lógica neoliberal?

Azzelini: Dizemos que obedece a certas lógicas do neoliberalismo no sentido de aumentar lucros. O sentido da guerra mudou. Tradicionalmente era para trocar as elites e o controle das economias, ou introduzir outro modelo de domínio econômico ou político. Agora, em muitos casos as guerras são permanentes. Não se faz a guerra para implementar outro modelo econômico, mas a guerra mesmo é o mecanismo de lucros.

Por exemplo?

Azzelini: Por exemplo, Colômbia. Muito dos lucros nesse país são porque − praticamente − é um país em guerra. Durante os últimos 20 anos, a passagem da pequena e média agricultura para a agroindústria se fez com uma guerra. Se não fosse assim, não teria sido possível expropriar as terras de milhões de camponeses e fazer uma reforma agrária ao contrário, na qual os latifundiários e paramilitares se apropriaram de 6 milhões de hectares de terra.


A íntegra:
http://www.cartamaior.com.br/templates/materiaMostrar.cfm?materia_id=16184&boletim_id=600&componente_id=10086

sábado, 10 de outubro de 2009

Por que (também) a 'grande' imprensa não gosta do Lula

Do blog do Rodrigo Viana
http://www.rodrigovianna.com.br/radar-da-midia/doi-no-bolso-bateu-o-desespero-na-turma-da-ditabranda

Depois de anunciar em editorial que a discussão sobre terceiro mandato é "assunto encerrado" (e, ao mesmo tempo, manchetar em primeira página a discussão sobre o terceiro mandato - numa demonstração de clara esquizofrenia), o jornal da ditabranda passou recibo sobre suas reais preocupações: é no bolso (dos Frias) que o avanço de Lula (e de Dilma) dói mais.

A "tese" está em artigo de Fernando Barros e Silva, na página 2 do jornal, intitulado "O Bolsa-Mídia de Lula". Fernando não é só um articulista. Ele é o editor de Brasil. Por ele, passam as decisões editoriais mais importantes do jornal.

No artigo, Fernando analisa "reportagem" da própria "Folha", que mostra como Lula pulverizou a verba publicitária do governo: em 2003, 179 jornais receberam verbas federais; em 2008, foram 1.273. Lula fez o mesmo com rádios e com a internet.

Isso, ao que parece, não agradou o Fernando...

Vejam o que ele escreve: "a língua oficial chama [a tal pulverização de verbas] de regionalização da publicidade estatal e vende como sinal de ´democratização´. Na prática, significa que o governo promove um arrastão e vai comprando a mídia de segundo e terceiro escalões como nunca antes nesse país"

O argumento é tão rasteiro que dá até dó. Quer dizer que quando a verba ia só para o "primeiro escalão" (onde, suponho, Fernando inclui a "Folha") os governos anteriores também estavam "comprando a mídia"? É esse o jogo?

O "primeiro escalão" quer ser comprado sozinho? Sem concorrência? A tal pulverização dói no bolso, é isso Fernando? Se dói, melhor você arrumar argumentos melhores pra fazer o dinheirinho voltar pro bolso do chefe.

Fico a aguardar algum comentário sobre a decisão de José Serra, que mandou as escolas públicas de São Paulo assinarem "Folha" e "Estadão"- http://colunistas.ig.com.br/luisnassif/2009/04/20/as-bondades-para-2010/. Aí pode? Nesse caso, Serra estaria também "comprando" apoio? Ou nem precisa?

Mais adiante, outra pérola do articulista "ditabrandista": "Essa mídia de cabresto que se consolidou no segundo mandato ajuda a entender e a difundir a popularidade do presidente. E talvez explique, no novo mundo virtual, o governismo subalterno de certos blogs que o lulismo pariu por aí".

O Fernando tá chateado com os blogs porque eles fazem a crítica da "grande mídia", reduzem o poder dos jornais, tiram de veículos como a "Folha" a aura de "isentos formadores de opinião"

Mas não precisa ficar tão nervoso, Fernando. Não julgue os outros com seus parâmetros.

Por último, adorei saber que a popularidade de Lula não se deve aos programas sociais, nem ao suceso da economia, nem à formação de um amplo, e internacionalmente reconhecido, mecado interno de novos consumidores. Não, nada disso. É pura propaganda do Lula!

Agora, eu entendi. Ainda bem que - apesar de ter cancelado a assinatura - sigo recebendo o jornal que a família Frias insiste em mandar de graça pra minha casa. É divertido (mas é também um pouco triste, confesso) ver como o desespero está tirando do sério até gente que eu respeitava, como o Fernando.

Como no caso da GM, é "o fim de uma era".

Por isso, bate mesmo o desespero. Eu entendo.

quinta-feira, 8 de outubro de 2009

De chuvas, árvores e mudanças climáticas


Chuva. Mais que chuva, tempestade. Árvores caídas, inundações, trânsito engarrafado além do normal. As mudanças climáticas cada vez mais fortes. O que fazemos para contê-las? A cidade impermeabilizada. O que fazemos para mudar isso? Durante a administração petista BH fez a prevenção de desabamentos, removendo moradores de áreas de risco. Será que isso vai continuar? Passada a tempestade tudo volta ao normal. O prefeito anterior se gabava das quedas de árvores: "É o preço que pagamos por ter muita área verde". Discordo. As árvores dos passeios, que caem nas chuvas, são inadequadas, pela localização (obstruindo a passagem do pedestre), pelo porte (imensas) e pelo cimento e asfalto em cima delas (que evidentemente lhes faz mal e as mata precocemnte). Na verdade, Belo Horizonte tem pouquissima área verde. Me refiro à área verde útil: parques, praças, jardins, onde as pessoas possam se encontrar e se refrescar do calor, caminhar, praticar esportes, respirar ar puro. Áreas verdes que, além disso, drenem a água das chuvas e diminuir os rios que se formam no asfalto.

Bastidores da notícia

Uma vez, quando trabalhava no JB, acompanhei as filmagens de "O grande mentecapto", em Barbacena. Na volta à redação, escrevi uma matéria diferente. Como era para o Caderno B, ousei. Esqueci o lide, a pirâmide invertida e outros cânones. Falei dos bastidores da filmagem, que eu via pela primeira vez e que foi o que me impressionou. Não foi uma reportagem brilhante, mas acho que foi criativa. Para minha surpresa, Zé de Castro mandou-a para o Rio do jeitinho que eu escrevi. A matéria nunca foi publicada. Foi talvez minha maior decepção no jornal. Desde então me dediquei aos clichês – matérias corretas, mas clichês.
Lembrei disso lendo o blog da Ana Paula (http://escritosaovento.blogspot.com/). Sempre achei que o mais interessante do jornalismo não sai nos jornais. Se teve um jornal que me motivou a ser jornalista foi o Ex-, publicado nos idos de 1970, e que deixou de circular depois de uma edição em que o principal conteúdo era uma reportagem sobre o assassinato do jornalista Vladmir Herzog nos porões do Doi-Codi, em São Paulo. Foi o único jornal a tratar do assunto, como um camicase. A imprensa estava então sob censura. Não deu outra: o grande jornaleco foi recolhido e proibido. A irreverente e corajosa equipe lançou outro, idêntico, mas com outro nome: Mais Um, letras imitando a marca Coca Cola. Também foi recolhido. Ambas as edições, porém, chegaram a ser vendidas, e eu, um atento leitor, um rato de banca de revista, pude comprá-las. Ainda as guardo comigo, surradas, amareladas, rasgadas. Eu venerava o Ex- porque seu jornalismo nunca escondeu os bastidores da notícia. Nele, o repórter sempre foi mais importante que o editor e as notícias nunca foram impessoais. É muito difícil fazer jornalismo assim, só gente experiente e talentosa consegue. Ele não deve se confundir com jornalismo de opinião irrelevante, no qual o jornalista em vez de informar emite suas opiniões absolutamente desinteressantes.
A internet possibilita hoje uma complementariedade ao trabalho do repórter. Paralelamente ao seu trabalho tradicional, de cumprimento da pauta, ele pode escrever um diário de bastidores, uma espécie de making of da notícia, no qual conta o que não sairá no jornal, inclusive suas impressões e opiniões. Pode fazer isso escrevendo textos e fragmentos num blog e indicando tais posts no twitter. Digo que o repórter pode fazer isso, acho que ainda não faz, ou poucos fazem, de forma incipiente e sem entender o caráter revolucionário de um trabalho assim. Imagino um blog de repórteres compartilhando a cobertura diária feita para os grandes veículos...

sábado, 3 de outubro de 2009

E agora, José?

Copa do Mundo 2014, Marolinha, G-20, Honduras, Rio 2016... O Cara coleciona sucessos, faz o Brasil melhor do que jamais foi, é o melhor presidente que a burguesia brasileira já teve e ainda distribui para os pobres, tem a maior popularidade do planeta, é reverenciado no mundo inteiro... Ficou difícil até continuar latindo, pois a caravana não só passa, mas passa ovacionada. Sem a artilharia da mídia, que só tem balas de festim, aposto que a nova alternativa da direita será a experimentada em Belo Horizonte no ano passado: a união com a direita do PT, que prefere as elites ao povo.

A revolução na América Latina e o legado de Lula

O Brasil tem tradição histórica autoritária, desde a independência proclamada pelo príncipe regente e em seguida estabelecida na constituição outorgada. O governo Lula tem enorme valor simbólico, ao demonstrar que o trabalhador é capaz – as elites conservadoras sabem disso e procuram a todo custo destruir essa ideia. Vejamos, por exemplo, um fato capital da nossa história, a abolição da escravatura.

A libertação dos escravos foi feita por lei assinada pela princesa imperial, a figura feminina mais importante do imaginário popular brasileiro. Seguiu a tradição autoritária inaugurada por seu avô: foi concedida, não foi arrancada pelos escravos. Na verdade, ela legalizou uma situação que vinha se afirmando de fato, mas ao fazê-lo tirou do povo e dos escravos o mérito de conquistá-la.

O modelo vai se repetir com Getúlio Vargas, ao “doar” a estrutura de proteção ao trabalho e criar a CLT. Mais recentemente, volta a acontecer com a redemocratização de 1985, quando as elites primeiro derrotam a emenda das diretas já para em seguida transferir o poder dos militares aos civis conservadores, indiretamente. É um fato recorrente na história brasileira, inaugurado, como disse, na independência, por Dom Pedro I. Um fato que faz diferença na formação de uma nação – os americanos, que conquistaram com armas sua independência, assumem como seus os valores que fundamentam sua sociedade, coisa que nós brasileiros nunca fizemos; o “jeitinho brasileiro” é a forma de o povo demonstrar o tempo todo que finge obedecer, mas não obedece, que finge reconhecer a autoridade, mas não a reconhece, que finge acreditar que este é o seu país, mas sabe que na verdade é o país dos “bacanas”.

Nesse sentido, o governo Lula contém avanços simbólicos importantes, ao demonstrar pela primeira vez na nossa história do que é capaz um simples operário. Mas o governo Lula também tem limitações claras, se olharmos para o que acontece, por exemplo, na Bolívia e mesmo na Venezuela, dois casos distintos na atual onda libertária da América Latina (que, já notou alguém, não deveria se chamar “Latina” e muito menos “América”, pois as civilizações já existiam aqui antes de Colombo, Cabral e Américo quem? Vespúcio. Na verdade, o termo América Latina é politicamente incorreto e ainda será substituído por outro, como “negro” foi substituído por “afrodescendente”, à medida que as populações indígenas assumirem o poder; a palavra é também um instrumento de libertação e de construção da história). O Brasil está mais para Chile, do que para Bolívia e Venezuela. Cada caso, porém, é um caso.

A Venezuela de Chávez está mais para Cuba de Fidel, com uma figura carismática, corajosa, que anda de uniforme militar e fala em socialismo, do que para Bolívia, que também tem uma figura carismática, mas que é a cara dos povos indígenas, cuja ascensão é a essência da revolução. O Brasil, com sua transição conservadora negociada, está mais para Chile, mas Lula tem a cara do povo brasileiro, como Evo tem a cara do povo boliviano. O militar Chávez veio das elites para libertar o povo venezuelano, como Fidel; a doutrina é fundamental para sua legitimação. Entre esses modelos, variáveis e símbolos se move a revolução na “América Latina” – uma mais popular, outra mais institucional; uma mais simbólica, outra mais ideológica; uma mais negociada, outra com rupturas.

Quais as limitações das mudanças no Brasil? O governo Lula promoveu transformações usando estritamente os limites da democracia burguesa representativa tradicional autoritária negociada pelas elites em 1985. Lula não promoveu nenhuma ruptura institucional, seu sucesso é um sucesso político individual somado à competência técnica da sua equipe, contraposto à incompetência e ao autoritarismo milenar das elites conservadoras brasileiras. É um sucesso fundamentalmente simbólico, principalmente quando confrontado com os avanços democráticos de outros povos vizinhos, especialmente o boliviano.

O que se vê na América Latina é um grande exercício para definir qual modelo, entre os dois ou três existentes, obterá mais sucesso num mesmo objetivo: promover a distribuição de renda e de poder, duas faces da mesma moeda que poderíamos chamar de democracia política e econômica. O Brasil parte de vantagens naturais e históricas, que o colocam na condição de potência mundial emergente. Por isso também tudo que se faz aqui é mais relevante, os olhos se concentram aqui e as ações políticas também.

A importância do sucesso brasileiro está no simbolismo de mostrar que um operário é mais capaz para dirigir o país do que os membros das elites jamais foram. O que os bolchevistas precisaram demonstrar depois da revolução russa de 1917, Lula demonstrou no Brasil sem revolução. Os limites das transformações no Brasil são: o presidencialismo com mandato de quatro anos (a reeleição foi uma arbitrariedade criada para beneficiar as elites, mas acabou por beneficiar também as mudanças promovidas por Lula); a concentração simbólica na figura do Lula; a desmobilização popular; a ausência de mudanças democratizantes no modelo instituído em 85 e reformado pelos governos neoliberais.

Essas ameaças à continuidade das mudanças são ameaças que vêm de fora, por assim dizer, mas há ainda um perigo adicional, que nasce nas entranhas do próprio poder reformador. Um perigo que já foi experimentado em Belo Horizonte. O governo Lula é um governo tenso também internamente e umas das razões do seu sucesso é a competência do presidente para administrar tensões. Lula foi sempre o fiel da balança no PT e continuou sendo no governo. No próximo governo petista esse fiel deixará de existir e a luta entre uma ala mais popular e outra mais elitista ficará aberta.

Uma das tentações da ala elitista é fazer alianças com a direita, sendo capaz mesmo de negociar – e na prática entregar – o poder a ela, como aconteceu na capital mineira. Não a direita tradicional, que governou na ditadura, mas a direita “moderna”, que governou com FHC. Especialmente a sua ala pretensamente não ideológica, pragmática. É nesse modelo ideológico “pragmático” que petistas e tucanos se encontram e esboçam um novo modelo conservador de Estado, referenciado muito mais nos Estados Unidos do que na autonomia dos povos indígenas, e que ocuparia a direita no espectro de transformação da “América Latina”. Um modelo capaz de conquistar a adesão das classes médias moralistas, “udenistas”, importantes não só como contingente eleitoral, mas também por sua capacidade de mobilização e convencimento (como ficou demonstrado na eleição para a Prefeitura de Belo Horizonte em 2008).

Como modelo brasileiro, ele teria enorme repercussão em toda a região. A questão é saber se ele ainda é possível, diante da velocidade das transformações em curso, e se tem competência para se impor. Nesse processo são fundamentais as alianças que se formarão na candidatura Dilma; é especialmente importante perceber que lugar ocuparão nela os “pragmáticos” e os “ideológicos”, não apenas do PT, mas também do PSDB.

quinta-feira, 1 de outubro de 2009

Imagem de um lance emocionante


A imagem ao lado publicada no Uol é impressionante. Uma grande foto, de um momento preciso, surpreendente pelo que se vê depois e que a fotógrafa não viu na hora. Como em Blow Up, alguém lembra? Grande foto. Impressionante a posição do pé do Ronaldo. Futebol é um esporte único, não à toa é o mais popular. Quem viu o lance se lembra da sequência de emoções rápidas, de desfecho imprevisível, que só o futebol proporciona. Richarlyson perdeu a bola, Ronaldo correu para marcar o gol, Richarlyson se lançou aos seus pés, desesperado, quando Ronaldo se preparava para chutar, dentro da área. Richarlyson tomou a bola, salvou o gol certo, que mudaria a partida. Ronaldo não caiu. Este o detalhe que faz Ronaldo ser o que é: ele não caiu. Qualquer jogador hoje em dia se joga no chão, quando recebe um carrinho. Grande lance, grande recuperação do Richarlyson, grande Ronaldo! Só o desfecho deveria ser outro. Carrinho por trás é falta, não precisa derrubar o adversário, não precisa acertá-lo. Se Ronaldo tivesse caído, provavelmente o juiz apitaria o pênalti. Embora apitar contra o São Paulo seja coisa rara para qualquer juiz.
PS: Também impressionante é o crédito da foto: Nike Futebol.

Rio 1960

Um cantinho, um violão
Este amor, uma canção
Pra fazer feliz a quem se ama
Muita calma pra pensar
E ter tempo pra sonhar
Da janela vê-se o Corcovado
O Redentor, que lindo!

Minha aversão ao capitalismo é inata e se manifesta em tudo que vejo. Poderia cantar com os Novos Baianos:

Por que não viver
Não viver nesse mundo?
Por que não viver
Se não há outro mundo?


Mas viver nesse mundo só dá pé mudando-o. O diabo é que o tempo passa e o mundo muda pra pior! Tudo bem, temos aí o governo Lula, uma época melhor do que qualquer outra da qual me lembre, exceto os anos JK, quando nasci, e o governo Jango, mas estamos longe de ver superados os estragos que o capitalismo faz.
Digo isso a propósito da canção do Tom, um hino de amor ao Rio, quando a cidade postula ser sede dos Jogos Olímpicos de 2016. Seria estupendo, apesar das considerações do Juca Kfouri, com as quais concordo, mas minha ponderação é outra. Essa Cidade Maravilhosa que Tom cantou não existe mais. A especulação imobiliária e o crescimento desordenado a destruíram há décadas. O Rio deveria ter sido sede das Olimpíadas de 1960!

Espírito de campeão

A briga pelo título brasileiro de 2009 vai ficar mesmo entre Palmeiras e São Paulo, os dois times que apresentam espírito de campeão. A disputa tem um componente psicológico importante: se o São Paulo passar o Palmeiras, sua mística de vencedor pode abalar o adversário. Já o time de Muricy aposta em se manter na frente e ver o outro desistir de persegui-lo. Quando uma coisa ou outra acontecer, o campeonato acabará. Se eu tivesse de apostar, ainda apostaria nos verdes - mesmo de camisa azul.

Vexame no Aflitos

O Náutico mostrou ontem que vai lutar até o fim do campeonato para ser rebaixado. O São Paulo, inversamente, mostrou que não desiste do título. Contou para isso com o adversário e o lugar certos. O Náutico é mestre em oferecer ao inimigo em condições adversas apresentações históricas, basta lembrar do Grêmio, em 2005(?). O calmo treinador Ricardo Gomes vibrou como nunca e saiu com essa, de que foi uma apresentação de campeão. Menos. Mais deméritos náuticos do que méritos sãopaulinos. Poucas vezes vi um time tão incompetente para ganhar um jogo. Afinal, não foi como na Batalha dos Aflitos, que teve um lance mortal. Ontem, o time recifense tinha o placar a favor, dois jogadores a mais e todo o tempo do mundo para vencer. Parecia, no entanto, que era o São Paulo que jogava com dois a mais no seu estádio. Assim fica mais fácil. Mas era preciso vontade de ganhar e algum talento, qualidades que os tricolores demonstraram.