A transposição do Rio São Francisco está agravando a desertificação no Nordeste, vai diminuir a produção de energia elétrica e piorar a qualidade da água do rio, que já é imprópria para o consumo humano, tanto que a população ribeirinha não a consome. Se for usada pelas populações do sertão vai provocar problemas de saúde pública. O que o governo deveria fazer é revitalizar o São Francisco, coisa que se comprometeu a fazer e não está cumprindo. Quem diz isso é o pesquisador João Suassuna, autor de mais de 80 artigos sobre o rio, reunidos agora no livro A transposição do Rio São Franciso na perspectiva do Brasil real, e que acompanha de perto as obras do projeto. "O governo reservou um bilhão de reais no orçamento no ano passado para o projeto da transposição e cem milhões para a revitalização, dez vezes menos. Não consigo acreditar num programa desses", critica. A transposição é mais uma obra da indústria da seca – quem esperaria isso do governo Lula? "Os beneficiários serão as empreiteiras, os industriais, o grande capital. O povo está sendo iludido, não terá acesso a uma gota d’água sequer." Em tempos de licitação da usina hidrelétrica de Belo Monte, que ambientalistas consideram um desastre para a Amazônia, é bom lembrar do assunto.
A entrevista foi publicada pela Agência de Informação Frei Tito para a América Latina (Adital).
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