Vi a propaganda da Dilma na televisão, hoje. Ótima. Bem feita, dinâmica, alto astral, bonita. Dilma está muito bem, falando com clareza, objetividade, simpatia. A mensagem é muito clara e de alto nível. Obriga a campanha do Serra a elevar o nível. E na discussão de alto nível, o governo Lula – portanto, Dilma – é imbatível. Dilma assumiu a frente da campanha, que é o que o eleitor queria. Aliás, acho até que a estratégia foi acertada. No primeiro turno, ela ficou colada no Lula, foi apresentada ao eleitor. No segundo turno, todo mundo já a conhece, então ela pode se mostrar mais, não precisa do Lula. E realmente o programa de hoje mostrou quem é Dilma. E mostrou bem, de forma simpática, uma bela biografia, que não tem nada a esconder, ao contrário, precisa ser mostrada, porque é admirável. Vai se criticar o quê? Que ela combateu a ditadura? Uai! Mas a gente não era contra a ditadura? Ou será que o Serra vai ter coragem de defender a ditadura, como muitos dos seus apoiadores, que fizeram parte dela e hoje estão no DEM? Então, dizer que combateu a ditadura, aos dezenove anos de idade, que foi presa, torturada e cumpriu pena na prisão por lutar pela liberdade, isso é motivo de orgulho, Dilma não tem o que esconder, e nós temos de nos orgulhar também de eleger uma presidente que ficou aqui e lutou, que não fugiu para o exterior.
Vi também a propaganda do Serra, em seguida. Já começou com uma bola fora, um pandeiro, uma musiquinha batendo na tecla de que "ninguém conhece Dilma". Mas se nós tínhamos acabado de vê-la falando conosco, se tínhamos acabado de ver que ela chefiou o ministrério do Lula e coordenou tudo que o governo Lula fez! Se a gente tinha acabado de ver sua biografia, sua carreira no governo gaúcho e no governo federal! E ainda informações sobre sua vida pessoal, tudo ilustrado com belas fotos de família! Falar que ninguém conhece Dilma não cola mais. E a propaganda do Serra continuou com depoimentos de rua insistindo em que ninguém a conhece, que ela é inexperiente, mais uma bola fora. O programa do Serra tem um tom populista, com aquele bonequinho ridículo, porque não conquista ninguém, o velhinho careca... Outra diferença marcante que faz o programa ser pior: o astral. As personagens que aparecem não têm a mesma cara boa daquelas que aparecem no programa da Dilma. Até que o Serra não se sai mal, afinal o discurso é o forte dele, que tem cinquenta anos da política, desde a época em que foi presidente da UNE (União Nacional dos Estudantes, que, nunca é demais repetir, apóia Dilma). Mas o discurso do Serra é de promessas, e promessa, o eleitor sabe muito bem, todo candidato faz, e pode prometer o que quiser, até não ser candidato na próxima eleição – cumprir é que são elas. Serra está correndo atrás da Dilma, prometendo tudo para as mulheres. O problema é que Dilma não precisa prometer, ela é mulher. O melhor do programa do Serra é o jingle. A gente tem de reconhecer que ele fica na cabeça: "Serra é do DEM, Serra é do DEM!"