Jornalista assessor da OAB e amigos agrediram covarde e barbaramente um deficiente físico, produtor cultural, num bar em Santa Efigênia. Vítima está internada no HPS. Boletim de ocorrência da PM aponta a vítima como agressor e os jovens da classe média como vítimas. Uma história de violência e preconceito.
Produtor cultural é espancado em BH
Elian Guimarães
Estado de Minas, 30/11/2010
O agente cultural, diretor do Centro de Referência Hip Hop Brasil e responsável pelo projeto Hip Hop Educação para a Vida, acatado pelo programa de incentivo à cultura de Belo Horizonte, direcionado a crianças de 6 a 14 anos das escolas municipais da periferia, Hudson Carlos de Oliveira, foi espancado quando se reunia com amigos em um bar em Santa Efigênia, Região Leste. Hudson teve o maxilar deslocado, afundamento dos dentes, fratura da clavícula e ferimentos nas pernas e braços. Ele está internado no Hospital de Pronto-Socorro João XXIII. Apesar de nenhum dos acusados de atacá-lo ter sido ferido, ele foi indicado como agressor no boletim de ocorrência feito por policiais militares da 3ª Cia do 1º BPM. Um detalhe: Hudson é deficiente físico, tem uma prótese no olho esquerdo e um braço e perna com movimentos limitados. O caso foi encerrado no plantão da 1ª Delegacia de Polícia Civil. A assessoria da PC não informou o nome do delegado nem o teor da ocorrência. Segundo amigos do rapaz, eles chegaram ao bar e pediram cerveja e porções de batata e bolinho de feijão, quando Hudson foi cumprimentar um garçom que preparava churrasco para uma festa de aniversário. O aniversariante, o jornalista Júlio César de Oliveira Anunciação, assessor da OAB, teria entendido que Hudson comia da carne, paga por ele, e pediu que se retirasse. Segundo a atriz Patrícia Lanare, Hudson foi cercado pelos amigos do aniversariante e, se sentindo ameaçado, pegou uma garrafa para se defender e ela caiu no chão. “Aí, seis homens se levantaram, um deu um soco em Hudson, que caiu e foi barbaramente espancado pelos demais. O mais impressionante foi o pai do aniversariante, que o incentivou a bater mais; as pessoas gritavam ‘bate mesmo que é bandido’.”
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