terça-feira, 21 de abril de 2020

O governo dos piores

O atual presidente brasileiro inventou uma nova modalidade de governo: o governo dos piores. O termo terá de ser criado também, porque ainda não existe, nenhum teórico tinha pensado nisso.
Até o ano passado havia outras formas de governo, que o Brasil já experimentou: monarquia, governo de um só, com Pedro I e Pedro II; oligarquia, governo de poucos, durante a Velha República; tirania, governo ilegítimo, durante a ditadura militar e mais recentemente com o vampiro Temer; democracia, governo do povo, entre 1945 e 1964 e entre 1985 e 2016. Aristocracia, que é o governo dos melhores, nunca teve, porque é um ideal, que os governos em geral perseguem, ao colocar no comando das ações públicas indivíduos competentes. O oposto da aristocracia, o governo dos piores, é uma novidade. Não conheço grego, não sei cunhar o novo termo.
O presidente colocou em cada pasta um inimigo dela, colocou raposas para tomar conta dos galinheiros. Não fez isso por acaso. Na Educação, pôs um sujeito que não gosta de educação, cuja missão é destruir a educação pública; nas Relações Exteriores, um sujeito cuja missão é destruir as relações do Brasil com as outras nações (exceto os EUA, dos quais devemos ser vassalos); no ministério da Economia, um sujeito com a missão de destruir o Estado, para que o capital faça o que quiser. O ministro do Meio Ambiente deve destruir qualquer forma de proteção ao ambiente. Na Funai, o sujeito deve ser inimigo dos indígenas. Na Justiça, um super-herói. E por aí vai.
A pandemia exigiu que o ministro da Saúde protegesse a saúde pública; ele agiu assim, contrariou o presidente e foi demitido. A ordem é deixar o vírus e os brasileiros livres -- o presidente valoriza muito a liberdade, diz que vão morrer só "velhinhos doentes" e que os fortes, como ele, serão imunizados.
Agora vejamos o que faz o novo ministro da Saúde: ele age como se fosse o ministro da Economia, sua preocupação não é com a saúde, não é com o combate à pandemia, é com a saída do isolamento social, pelas consequências econômicas que tem. Ele foi posto lá para interromper o combate à pandemia, para preparar a retomada da economia. Isso não é função dele, é do ministro da Economia, mas é o que ele anuncia.
Já o ministro de Economia devia fazer o que não está fazendo: garantir a sobrevivência dos brasileiros -- trabalhadores e empresas -- durante a pandemia e o isolamento social, e planejar a retomada das atividades depois que a pandemia passar. Além de garantir que o ministério da Saúde possa agir com eficiência para combater a pandemia.
Qualquer pessoa razoável entende isso, mas não é isso que o governo faz, não é isso que está acontecendo. Por quê? Porque essa é a natureza desse governo inovador, o governo dos piores.
Se a gente não entende isso, não entende o que está acontecendo.


Teich diz que planeja saída “progressiva e planejada” do isolamento 
Vídeo foi divulgado pelo Ministério
Poder360, 21/4/20

O ministro Nelson Teich (Saúde) disse nessa 2ª feira (20.abr.2020) que a pasta vai elaborar 1 programa de saída “progressiva, estruturada e planejada” do isolamento social –medida usada para frear as contaminações de covid-19, doença causada pelo novo coronavírus.