Da Agência Carta Maior.
Basta de enganação!
De 12 a 16 de outubro, em São Paulo, ocorre a 68ª Assembleia da Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP). Este evento, formado fundamentalmente pelos grandes meios de comunicação corporativos, tem previsto "examinar" a situação da liberdade de expressão no continente, com o explícito propósito de colocar no banco dos réus os governos que têm assumido a responsabilidade de abrir caminhos à perspectiva de avançar na democratização dos meios de comunicação.
De fato, em São Paulo se busca armar um novo episódio da campanha midiática empreendida por este cartel para mostrar que seu poder acumulado é intocável. Isto é, que qualquer iniciativa que pretenda propiciar maior diversidade e pluralidade no mundo midiático deve ser condenada por "atentar contra a liberdade de expressão", obviamente, uma prerrogativa sua.
Com os ventos de mudanças que sopram em nossa região, porém, o que se torna cada vez mais evidente é que padecemos de um sistema midiático em que predominam grandes grupos familiares que concentram e monopolizam o setor, articulados organicamente ao conjunto de poderes reais, imbuídos de critérios patrimonialistas e com uma lógica eminentemente comercial, só para assinalar algumas características. A partir desta posição de força, este sistema alardeia que em matéria de comunicação não se deve estabelecer nenhuma regulamentação, com a premissa de que a melhor lei é aquela que não existe. Em suma: somos intocáveis e aquele que ouse romper esta regra será condenado por atentar contra a "liberdade de expressão".
Os que subescrevem este comunicado rechaçam a nova impostura que a SIP pretende instrumentalizar e reafirmam o compromisso com a democratização da comunicação, com o consequente respaldo às iniciativas dos governos consequentes com esta causa.
Adolfo Pérez Esquivel, premio Nobel de la Paz, Argentina
A íntegra.