sábado, 2 de outubro de 2010

Marina trocou a campanha ambientalista pelo denuncismo da direita

Emir Sader: “Marina é a falência do movimento ecológico brasileiro”
por Conceição Lemes
Viomundo — Que falsidade o senhor destacaria?
Emir Sader – A mídia está passando uma imagem platônica da Marina, que não tem nada a ver. Na hora em que teve de enfrentar uma luta concreta, ela ficou contra os povos indígenas.
Viomundo – O senhor se refere à acusação de biopirataria feita à empresa do vice?
Emir Sader – Exatamente. O registro de frutas tropicais da Amazônia feito, com fins comerciais, pela Natura, cujo presidente [Guilherme Leal] é o vice da chapa verde. A Marina ficou do lado dele contra os interesses e os saberes naturais dos povos indígenas, dos povos da Amazônia, ao dizer que a Justiça é que decidiria.
Viomundo – Quem é a Marina real?
Emir Sader – No Fórum Social Mundial, ouvimos o tempo todo que a questão ecológica é transversal. Logo, a graça da campanha da Marina seria fazer com que ecologia cruzasse tudo. Só que ela deixou de ter uma agenda própria, passou a reagir a partir do denuncismo da direita, do bloco tucano-udenista. Chegou a dizer que a violação dos sigilos bancários da filha e do genro do Serra provocava fragilidade na sociedade brasileira. Tomara que fosse essa a nossa fragilidade. Para nós, o que fragiliza a sociedade brasileira é a violência, o desemprego, a miséria, a injustiça… Nessa campanha, Marina só assumiu posições equidistantes do cerne da questão ecológica. Ela não desenvolveu no governo nem fora uma concepção ecológica do desenvolvimento. O discurso dela não quer dizer nada. Ao falar de Belo Monte, por exemplo, ela emenda “mas a energia limpa…” Só que Belo Monte é energia limpa. A Marina não tem coragem de se colocar a favor de projetos como Belo Monte, mas também não tem capacidade de elaborar projetos alternativos. Acho que a Marina é a falência do movimento ecológico brasileiro.
A íntegra.