sábado, 2 de outubro de 2010

Veja é um panfleto político-partidário, constata tese de mestrado

O jornalista Fábio Jammal Makhoul debruçou-se sobre a revista Veja para formular sua dissertação de mestrado em Ciência Política para a PUC de São Paulo. Nem precisou ler As matérias que Cachoeira plantou na Veja ou o O caso Veja, do jornalista Luís Nassif. Bastou analisar a publicação durante o primeiro mandato de Lula, de janeiro de 2003 a dezembro de 2006, para chegar à conclusão que dá título a esta postagem.

Do blog Escrivinhador.
Muito se fala sobre cobertura parcial da Veja. Sua pesquisa constatou a veracidade dessas observações?

Sim, e nem precisava de uma pesquisa acadêmica ou mais aprofundada. Basta uma leitura simples da revista para constatar que Veja tem um lado quando o assunto é política. Hoje temos uma bipolarização partidária no Brasil, com PT e PSDB monopolizando a disputa eleitoral. E a revista Veja está claramente do lado do PSDB e completamente contra o PT. Se você pesquisar a revista desde o início dos anos de 1980 vai constatar que o Partido dos Trabalhadores e o próprio Lula nunca tiveram um tratamento positivo nas páginas de Veja. Essa história de imparcialidade da imprensa não existe. Os veículos de comunicação são empresas e têm seus interesses e preferências políticas. O jornal O Estado de S. Paulo, por exemplo, sempre foi conservador e nunca escondeu isso. Assumir uma posição ideológica ou política não é ruim. É até saudável e democrático, os grandes jornais da Europa e dos Estados Unidos fazem isso. Pelo menos, o leitor sabe claramente qual é a orientação editorial da publicação. O problema é quando se abandona o jornalismo para se transformar num panfleto político-partidário. E foi o que aconteceu com Veja de 2005 para cá. Nos dois primeiros anos do primeiro mandato de Lula, o semanário ainda fez jornalismo, mas, ao apostar que poderia derrubar o presidente da República em 2005, perdeu a aposta e a credibilidade. Com o escândalo do “mensalão”, Veja captou o antilulismo e o antipetismo da chamada classe média que lê a revista e iniciou sua campanha pelo impeachment do presidente. Só que a questão política serviu para que Veja se sentisse à vontade para cometer os abusos que quisesse. Uma coisa é a crítica política que se viu no Estadão e no Globo, por exemplo. Outra coisa é partir para o xingamento, como fez Veja.