quinta-feira, 28 de novembro de 2019

Do golpe à eleição

Recapitulando:
o PSDB não aceitou o resultado da eleição de 2014, pediu recontagem de votos e pôs em dúvida a reeleição da presidenta Dilma;
a operação larva jato decidiu derrubar o governo, perseguir o PT e prender o ex-presidente Lula;
a direita decidiu pedir o impeachment da presidenta e convocou manifestações;
a mídia golpista incentivou as manifestações, o impeachment e a larva jato;
a classe média reacionária bateu panelas, vestiu a camisa da corrupta CBF, comprou bandeiras da nação que ela detesta e foi para as ruas manifestar seu ódio contra pobres, negros, minorias sexuais, trabalhadores e esquerdistas;
o Congresso reacionário e corrupto aprovou o impeachment;
o Supremo Tribunal Federal, que tem a função de defender a Constituição, prevaricou e apoiou o golpe com decisões e omissões;
o vice-presidente traidor comprou o Congresso, assumiu o governo e pôs em prática aceleradamente o programa derrotado nas urnas, e até o que a oposição não defendeu, um programa antipovo, antidireitos, antinacional;
a perseguição ao PT, travestido de combate à corrupção, se tornou uma perseguição aos políticos em geral e até um novo impeachment contra o vice-presidente foi tentado;
a crise econômica se agravou, o desemprego se multiplicou, fome, miséria, violência aumentaram; a popularidade dos políticos tradicionais caiu e o candidato da extrema direita se projetou como salvador da pátria, apoiado pelas forças ideológicas e capitalistas mais reacionárias;
o ex-presidente Lula, cuja popularidade ao deixar o governo chegou ao recorde de 87% e que continuava sendo a principal opção do eleitorado, foi perseguido implacavelmente pela larva jato, preso e impedidode concorrer;
um incidente providencial ocorrido durante a campanha, o esfaqueamento por um popular, tirou o candidato da extrema direita da campanha, ele não teve de participar de debates, nos quais se saía muito mal, e sua popularidade cresceu;
sem precisar debater nem se mostrar, o candidato de extrema direita fez uma campanha virtual com informações falsas a seu favor e principalmente contra o principal adversário, do PT, copiando a campanha do presidente americano Donald Trump;
o resultado eleitoral confirmou a liderança do candidato de extrema direita, com votação muito superior à que se poderia esperar numa eleição normal, e o candidato do PT em segundo lugar;
para a esquerda, o candidato de extrema direita seria o mais fácil de derrotar, para a direita, o candidato do PT seria também o mais fácil de derrotar;
a eleição se tornou uma disputa entre petismo e antipetismo, com algumas variantes: autoritarismo contra democracia, barbárie contra civilização, um governo já testado contra um governo imprevisível;
o sentimento antipetista, inflado por uma intolerância que saiu do armário, uma respulsa aos políticos, um autoengano de que o candidato de extrema direita representa o novo e a eterna esperança na mudança, conquistou a maioria do eleitorado, ao que tudo indica, e pela primeira vez levará ao poder no Brasil, pelo voto, um presidente declaradamente autoritário e conservador, além de despreparado e inexperiente;
mais do que isso, com ele irão para o governo as forças políticas, ideológicas e sociais mais reacionárias, que querem fazer retroceder os direitos sociais;
se os quatro últimos anos foram terríveis, aproximam-se tempos ainda piores.