terça-feira, 6 de abril de 2010

A chuva que castiga

Havia uma discussão antiga no jornalismo sobre o uso do verbo castigar em notícias sobre fenômenos naturais. Não há mais, as mudanças climáticas acabaram com ela. Quando se veem os estragos que as chuvas estão fazendo no Rio, e mais que estragos, as mortes (95 no momento em que escrevo), como aconteceu no mês passado em São Paulo e em janeiro em Belo Horizonte, e também em outras cidades, não pode haver mais dúvida de que se trata de um castigo da natureza aos desatinos humanos. Como em toda tragédia social, quem paga pelos erros dos ricos e dos poderosos são os mais pobres. No mundo inteiro as calamidades naturais provocam transtornos, destruição e mortes, em decorrência das mudanças climáticas e do absurdo modelo de cidades que o capitalismo gerou. Depois que passa o momento dramático de imagens e notícias sensacionais, o que é feito? Nada. Podemos esperar novas e novas calamidades, cada vez mais graves.