Do saite da revista Ciência Hoje.
Pequena intromissão
Por Sofia Moutinho
Ela media apenas 15 centímetros de comprimento e se assemelhava muito às tartarugas de água doce atuais. A pequena Atolchelys lepida acaba de ser descoberta por paleontólogos brasileiros no Morro do Chaves, em Alagoas, mas já traz grandes mudanças na história evolutiva dos quelônios. Para começar, ela é o fóssil de tartaruga mais antigo já encontrado no Brasil, com pelo menos 125 milhões de anos.
A datação do fóssil da tartaruga, feita a partir da análise da idade das rochas da camada em que foi encontrado, revela que a espécie teria vivido durante o Cretáceo Inferior e convido com os dinossauros. Até então, só havia evidências 12 milhões de anos mais recentes de tartarugas desse tipo (do grupo Pleurodira), também conhecidas pelo termo em inglês side-necked turtles, por causa do modo peculiar como retraem a cabeça no casco virando o pescoço para o lado.
Embora já existissem hipóteses que cogitavam uma origem mais remota para o grupo, nenhum fóssil que comprovasse essa ideia havia sido encontrado. Para o biólogo Pedro Romano, pesquisador da Universidade Federal de Viçosa (Minas Gerais) que coordenou a descrição da espécie, publicada no periódico Biology Letters, o achado foi uma boa surpresa.
"Até então só tínhamos descoberto peixes na região onde ela foi encontrada, no máximo alguns fragmentos de uma tartaruga que não pôde ser identificada”, conta. “Encontrar um fóssil de tartaruga tão importante como esse bem conservado foi incrível."
A íntegra.