Uma visão da guerra do exército mais poderoso do mundo contra um povo miserável, que não tem direito à própria terra. Uma médica de verdade.
Da BBC Brasil em Londres, em 29/8/14.
'Chorava escondido para pacientes não verem', diz médica brasileira em Gaza
Luiza Bandeira
Há dois anos, a médica brasileira Liliana Mesquita Andrade esteve na Faixa de Gaza e cuidou de várias crianças. Desta vez, durante o conflito mais violento entre Israel e Palestina nos últimos anos, foram poucas.
"Infelizmente, as crianças são a parte mais frágil da guerra. Já chegavam mortas ou quase mortas", conta a anestesista, de 39 anos.
Pacientes cobertos por poeira, pessoas morando no hospital por medo de voltar para casa e trabalhar com o barulho de bombas são imagens que marcaram a experiência da médica no conflito - que somou 50 dias de combate e deixou mais de 2,2 mil mortos.
"Na primeira noite no hospital ouvi explosões, senti as coisas tremerem", afirmou à BBC Brasil por telefone, da Faixa de Gaza, onde está desde o dia 7 de agosto.
"Você tem que chorar escondido, porque os pacientes não podem ver que está com medo. Comecei a rezar e pedir que as coisas se acalmassem."
Mas, em meio ao conflito, Liliana teve um reencontro emocionante: passou uma tarde com um menino de 4 anos que havia atendido em 2012, quando a criança foi atingida por bombas. "Nunca achei que fosse revê-lo. É muito gratificante, não tem dinheiro no mundo que pague."
A íntegra.