Mafalda pertence aos anos 70, que já não eram os 60, mas também não eram o que viria depois. Uma época em que contar histórias, emitir opiniões e ter ideais faziam parte da vida das pessoas. Muito diferente de hoje. A gente podia gostar ou não -- eu, por exemplo, nunca fui fã da Mafalda como sou do Calvin, do Pererê e do Spirit. O que não se podia negar é que o autor estava ali e expressava sua verdade, diferentemente do que se consagrou como normal também na arte: a produção para o mercado, para ganhar dinheiro, para atender o gosto presumível de muitos e o interesse comercial indiscutível de poucos.
Da RBA.
Uma rebelde de 6 anos chega aos 50
Mafalda é a mais conhecida personagem de Quino, cartunista argentino que se tornou referência mundial
por Vitor Nuzzi
Nas palavras de seu criador, Mafalda ama os
Beatles, a democracia, os direitos das crianças e a paz – nesta ordem.
Odeia sopa (alusão ao autoritarismo), armas, guerra e James Bond. A
mais conhecida personagem de Joaquín Salvador Lavado, o Quino,
completará 50 anos em 29 de setembro. Os desenhos da menina de 6 anos
duraram apenas nove, de 1964 a 1973, mas são comentados até hoje, para
espanto do autor. Foi uma heroína de seu tempo, conforme definiu o
escritor Umberto Eco, primeiro editor de Mafalda na Itália. Aqui, onde
chegou apenas em 1982, teve como editor o cartunista Henfil.
A íntegra.