Nem depois de matarem os operários as empresas se arrependeram: condenadas pela Justiça, apelaram e anularam a multa. Há casos em que a Justiça do Trabalho fica melhor se chamada de justiça do capital.
Da Radioagência NP.
Chega a 59 número de trabalhadores da Shell e Basf mortos após contaminação
Chegou a 59 o número de trabalhadores mortos em decorrência de contaminações ocorridas na fábrica de agrotóxicos da Shell e da Basf, em Paulínia, no interior de São Paulo. As vítimas atuaram entre 1977 e 2002 e não puderam ver o desfecho de uma batalha judicial que se estende há mais de dez anos. As perdas mais recentes foram registradas no último final de semana. Reportagem do jornal O Globo lembra que os sobreviventes continuam a espera de um plano de saúde para cuidar das sequelas deixadas pelo contato com substâncias altamente cancerígenas. Segundo relatório técnico encomendado pelo Ministério Público Estadual, elas estiveram submetidas à "negligência, imperícia e imprudência" da Shell e das outras empresas que a sucederam. Filhos dos trabalhadores e de vizinhos da fábrica nasceram com má-formação. Em agosto de 2010, a Justiça do Trabalho de Paulínia determinou que a Shell e a Basf deveriam custear as despesas médicas dos ex-funcionários e de seus familiares. Também foi estabelecida multa de R$ 622 milhões por danos à coletividade e indenização de R$ 64,5 mil a cada trabalhador. As empresas conseguiram anular a multa e recorrem do pagamento de despesas médicas, no Tribunal Superior do Trabalho. Apesar do número elevado de mortos e da interdição da área onde a fábrica estava instalada, há uma circulação constante de pessoas no local sem o uso de equipamentos de proteção.
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