quinta-feira, 22 de março de 2012

Pesquisadora da USP mostra como a Folha de S. Paulo distorceu informações

É a velha irresponsabilidade da "grande" imprensa que faz política e não faz jornalismo.

Da revista Ciência Hoje.
Epidemia midiática?
Pesquisadora da USP afirma que imprensa brasileira falhou ao tratar casos de febre amarela com alarde no verão 2007-2008. Jornalista da ‘Folha de São Paulo’ discorda e contesta os resultados do estudo.
Por Fernanda Braune, 21/3/2012
Na virada de 2007 para 2008, a divulgação de casos de febre amarela no Brasil deixou a população assustada, aumentando a busca pela vacina contra a doença, cujos efeitos colaterais causaram um número de mortes maior do que a média. De quem é a culpa? "Da mídia", diriam muitos, quase automaticamente. Dessa vez, no entanto, a resposta vem de um estudo acadêmico. Em sua dissertação de mestrado, realizada no Programa de Pós-Graduação em Saúde Pública da Universidade de São Paulo (USP), a jornalista Cláudia Malinverni analisou a cobertura da Folha de São Paulo à época e concluiu que o jornal exagerou ao proclamar uma epidemia que não existiu de fato. Segundo a pesquisadora, o noticiário ignorou os boletins oficiais do Ministério da Saúde, como o de 28 de fevereiro de 2008, que dizia que todos os casos de febre amarela confirmados desde dezembro do ano anterior estavam associados ao ciclo silvestre da doença – quando não há perigo de epidemia, já que se concentram em áreas de florestas e matas. Malinverni se debruçou sobre 118 matérias da Folha (edições veiculadas na Grande São Paulo, exceto na região do ABC) relacionadas ao tema, que circularam entre os dias 21 de dezembro de 2007 e 29 de fevereiro de 2008, no auge da suposta epidemia. O noticiário teria dado espaço desproporcional ao assunto, tratado o tema de forma subjetiva e se apoiado em fontes contrárias às declarações de normalidade De acordo com os dados da pesquisa, o noticiário teria dado espaço desproporcional ao assunto – em termos de relevância social e perigo real –, tratado o tema de forma majoritariamente subjetiva e se apoiado fortemente em fontes contrárias às declarações de normalidade da febre amarela sustentadas pelos gestores públicos.
A íntegra.