E não é transgênico. E também não é o boimate, barriga do chefão da Veja Eurípedes Alcântara.
Da revista Ciência Hoje.
Nova cor, mais benefícios
Por Fernanda Braune
Quem não quer ser mais saudável comendo o que gosta? Pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) conseguiram criar um tomate – o fruto mais popular do mundo – ainda mais nutritivo do que os já disponíveis no mercado, só que roxo. Desenvolvido a partir do cruzamento de diferentes espécies da planta e de intensa exposição à luz, o novo tomate combina as propriedades da antocianina – pigmento que confere o tom arroxeado a uvas e ameixas e é um poderoso antioxidante – e do licopeno – responsável pela cor vermelha do tomate e também rico em antioxidante. Apesar de ainda estar longe das prateleiras, a novidade ajuda a consolidar uma técnica de cruzamento que é diferente da controversa transgenia, usada no desenvolvimento de outros alimentos – por exemplo, a soja e o milho –, no Brasil e em vários outros países. O estudo, desenvolvido na Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq/USP) envolveu três espécies diferentes de tomate cultivadas no campo de pesquisa da própria instituição: duas selvagens (não comestíveis) e uma mutante. Esta última, além de ser supersensível à luz, tem em seu caule uma quantidade grande de antocianina, mas que não se reproduz naturalmente no fruto. Para transferir essa característica ao fruto, a equipe liderada pelo agrônomo Lázaro Eustáquio Pereira Peres teve que cruzar repetidas vezes a espécie mutante com uma das espécies selvagens de tomate – que conta com uma pequena quantidade de antocianina no fruto. Por meio da exposição das duas à luminosidade, os pesquisadores conseguiram provocar a biossíntese de enzimas produtoras do antioxidante na espécie mutante e, dos cruzamentos, obter uma nova planta – esta com antocianina no fruto.
A íntegra.