sexta-feira, 6 de junho de 2014

Aécio visto de Londres

O atraso disfarçado de modernidade.
O provincianismo mineiro, a manipulação da imprensa e o oportunismo paulista etc. levaram o senador à condição de (pré-)candidato a presidente da República. Isso revela mais sobre a situação lamentável da oposição ao governo petista do que sobre o próprio candidato. Que tem pouco a dizer, além de fórmulas passadas por marqueteiros. Afinal, como dizem seus amigos, não os inimigos, ele é despreparado e não lê... Por isso a opinião de quem vive na Inglaterra e vê o Brasil de longe pode ser luminosa.

Do DCM.
A política e a economia de Aécio 
Paulo Nogueira

Me pedem que analise as propostas de Aécio em si tal como formuladas no Roda Viva.
Ao trabalho.
Mais que tudo, Aécio me pareceu tomado por idéias atrasadas em algumas décadas. Essencialmente, ele repete clichês do thatcherismo num momento em que nem os conservadores ingleses se atrevem a fazer isso.
"Medidas impopulares" é a expressão acabada do thatcherismo – a doutrina consagrada por Margareth Thatcher nos anos 1980.
Significa você favorecer o 1% em detrimento dos 99%. Armínio Fraga, o guru de Aécio na economia, é um thatcherista fanático.
Não surpreende que, recentemente, ele tenha dito que o salário mínimo cresceu demais nos anos do PT no poder.
Sabe-se hoje, com a distância de 30 anos no tempo, que a política econômica inspirada em Thatcher – e seguida por FHC em seus dois mandatos – leva a uma brutal concentração de renda.
O livro sensação dos homens públicos e economistas de todo o mundo hoje, O Capital no Século 21, do francês Thomas Piketty, trata exatamente disso.
Ora, o principal problema do Brasil é exatamente a desigualdade de renda. E Aécio vem com uma palataforma que não apenas ignora o problema como, se aplicada, o aprodunda.
É um caso de notável miopia e descolamento da realidade.
A íntegra.