sábado, 21 de junho de 2014

O cara do falso Felipão e a desmoralização da "grande" imprensa brasileira

É isso aí.
O episódio revela o nível da "grande" imprensa atual. Pode-se confiar tanto na cobertura do "mensalão" ou do "escândalo da Petrobrás" quanto nessa entrevista com o "Felipão".
Como lembra Paulo Nogueira, a degeneração da "grande" imprensa começou na Veja, na virada dos anos 80 para os 90, e o chefe era esse mesmo.
Simbólico.
Em tempo: o atual chefe da revista é aquele repórter que um dia publicou o "furo" do boimate, uma revolução científica que uniu genes do boi e do tomate...

Do Diário do Centro do Mundo.
O verdadeiro pecado de Mário Sérgio Conti 
Paulo Nogueira

A entrevista com o falso Felipão entra na crônica do jornalismo brasileiro como uma das maiores besteiras já cometidas.
A pergunta que emerge para o autor, Mario Sergio Conti, é a seguinte: em que planeta ele vive?
Mas é algo no terreno da anedota.
Conti tem razão quando diz que ninguém morreu por conta do erro, e nem a bolsa se movimentou, ou coisas do gênero.
Conti, é verdade, vai passar para a história como aquele jornalista do Felipão.
Mas seu real pecado, na carreira, é algo muito mais sério.
Conti, como diretor de redação da Veja, comandou uma das coberturas mais abjetas e mais canalhas do jornalismo nacional: a que levou ao impedimento de Collor.
Ali a Veja mostrou, sem que ninguém percebesse, o que faria depois: o abandono completo do compromisso com os fatos na sede de derrubar inimigos.
É uma opinião que tenho desde sempre, e a compartilhei várias vezes com jornalistas da Abril nos anos em que trabalhei lá – durante e depois  do crime jornalístico feito pela Veja.
A Veja se baseou, essencialmente, em declarações. Mais que tudo, o depoimento envenenado e raivoso de Pedro Collor foi vital no material jornalístico que a revista produziu naqueles dias.
Nasceu da vingança de Pedro a célebre capa cujo título era: "Pedro Collor conta tudo".
Meu ponto, desde o início, era o seguinte. Imagine que o irmão do presidente dos Estados Unidos batesse na porta do diretor de redação da revista Time e dissesse que tinha coisas hirríveis para contar.
A Time publicaria?
Jamais. Antes, caso achasse ali coisas críveis, investigaria profundamente as acusações. Só publicaria com provas, primeiro porque de outra forma sua imagem jornalística ficaria arranhada. Depois porque a Justiça americana, ao contrário da brasileira, não aceita blablablás como evidências.
A íntegra.