sábado, 4 de maio de 2019

Barcelona decide parar de maltratar animais em zoológico

Barcelona, a cidade mais progressista do mundo, mais uma vez dá o exemplo. A ideia é tão simples quanto racional; o que impressiona é que só em 2019 um zoológico lidera a iniciativa. Bichos são espécies animais que merecem respeito e devem viver em liberdade no seu habitat; cabe ao homem, bicho também, e pretensamente espécie mais evoluída que as demais, respeitar estas e criar condições para sua sobrevivência, por entender que a diversidade ambiental é necessária à vida. Ponto. O passo seguinte é adotar o mesmo comportamento para a própria espécie humana. Esse nosso admirável mundo desenvolvido foi feito pelos europeus com a captura, transporte, matança e escravização dos africanos; com a matança e escravização de indígenas da "América", da África, da Ásia e da Oceania. Hoje, os descendentes dos humanos capturados e escravizados são os miseráveis do mundo. Como bichos de zoológico, os europeus capturaram seres humanos de outros continentes para ganhar dinheiro com eles, não confinando-os e exibindo-os como fazem com outras espécies (indígenas "brasileiros" foram exibidos na Europa também, ao lado de papagaios e onças pintadas), mas fazendo-os trabalhar como animais de carga. Domesticar animais, inclusive humanos, é uma especialidade da civilização humana. Quando a gente superar essa bestialidade viverá num mundo razoável. A espécie humana é tão estúpida, no entanto, que talvez o planeta só melhore quando ela for extinta. A paralisação dos trabalhadores do zoo de Barcelona é um pequeno e felizmente provável e inócuo e raro exemplo dessa estupidez.

Zoológico de Barcelona adere ao animalismo após 127 anos de história

Funcionários param contra norma que proíbe reprodução dos animais se não for para repor espécies ameaçadas.

Alfonso L. Congostrina, Barcelona 3/5/19, no El País.

As elefantas, leões, camelos, girafas e ursos do zoológico de Barcelona em breve serão história, depois que a Câmara Municipal da capital catalã aprovou nesta sexta-feira uma regra de proteção de animais para transformar essa instalação no primeiro parque zoológico “animalista” da Europa. Uma mudança que motivou protestos dos trabalhadores da instituição, que consideram que a equipe de Governo da prefeita Ada Colau, com apoio de parte da oposição, pôs a primeira pedra do que em poucos anos representará a desativação do zoo, inaugurado em 1892.

O regulamento aprovado determina que o zoológico não promoverá mais a reprodução de espécies que não estiverem em perigo de extinção. Assim, cangurus, elefantes e ursos desaparecerão quando os atuais exemplares morrerem. O documento aprovado na manhã desta sexta determina também que os espécimes que se encontrarem em boas condições deverão ser transferidos a algum “santuário, refúgio ou equivalente”. Atualmente, cerca de 2.000 animais de 300 espécies vivem no zoo de Barcelona.

O ativista Leonardo Anselmi (que também coordenou a iniciativa legislativa popular para abolir as touradas na Catalunha) promoveu uma rede de zoológicos que batizou de Zoológicos pela Mudança. Por enquanto, são poucos os parques que já adotaram este modelo, embora na Argentina comecem a trabalhar nesse sentido o ecoparque de Mendoza e o de Buenos Aires.

A iniciativa popular promovida pela entidade animalista Libera conseguiu modificar o estatuto da instituição e atingir diretamente os critérios de reprodução das espécies. Alejandra García, a ativista do Libera que leu no plenário a proposta de alteração antes da sua votação, disse estar “feliz” por já saber para qual santuário, no sul da França, serão levadas as três elefantas de Barcelona, chamadas Susi, Yoyo e Bully.

Os animais que não tiverem condições de seguir o mesmo caminho ficarão no zoológico, e a direção tem três anos para conceber um projeto para cada espécie. Entre os objetivos previstos está também a recuperação da fauna em diversas zonas.

(Clique AQUI para ler a íntegra no El País.)