Poderia ser da Veja MG (que morreu, mas ninguém deu falta, e renasceu) e outras similares, mesmo porque são todas cópias da primeira. E a morte "técnica" não é de hoje, já tem mais de vinte anos. O pior da revista é que contaminou parte da imprensa -- em Belo Horizonte, várias publicações distribuídas gratuitamente na zona sul a têm como referência. Referência em futilidades e antijornalismo.
Do Diário do Centro do Mundo.
A Veja SP morreu, tecnicamente, com o 'sultão dos camarotes'
Paulo Nogueira
Um vídeo está circulando na internet freneticamente neste final de semana. É da Veja SP, e apresenta um "sultão" das baladas chamado Alexander de Almeida, que diz ter 39 anos.
O DCM colocou o vídeo ontem na seção Vídeo do Dia, e agora pela manhã era a coisa mais lida no saite.
Alexander – imagino que seja um nome fantasia derivado do prosaico Alexandre – dá seus conselhos a quem quer, como ele, ser "alguém especial" nas baladas.
Todos os conselhos cabem num só: torre seu dinheiro em camarotes nas baladas com espertalhões – homens e mulheres – que vão largar você assim que sua conta bancária inevitavelmente entrar em colapso e você não puder mais pagar o champanhe que eles tomam rindo de você e de sua monumental burrice.
Do ponto de vista jornalístico, raras vezes se viu algo que reflita tão bem a essência de uma publicação e de seus leitores.
A Veja SP se dedica, com obtusa regularidade, a promover a frivolidade consumista num mundo de faz de conta em que todos riem como Alexander e depois se entopem de antidepressivos.
A Veja SP não faz pensar, não provoca você a sair de sua vidinha medíocre em que o que vale são as aparências, não faz nada digno da palavra "jornalismo".
Mesmo assim, apenas para lembrar a mamata estatal dada às empresas jornalísticas com dinheiro público, a Veja SP é impressa com papel isento de imposto.
Fui um dos primeiros editores da Veja SP, em meados da década de 1980, aos 26 ou 27 anos. Eu era na época subeditor de Economia da Veja, mas já a direção da revista achava que já era tempo de eu ser promovido a editor.
Apareceu a oportunidade na Veja SP quando a editora Selma Santa Cruz deixou a revista para se juntar a seu marido, Sérgio Mota Melo, num empreendimento jornalístico, a TV1.
Tentei fazer "jornalismo sério". Uma de minhas primeiras capas mostrava o caso dramático de dois bebês que tinham sido trocados na maternidade.
Naquela semana, desci o elevador da Abril com Roberto Civita. Sempre amável, sempre charmoso, sempre sorridente, ele me disse que não era exatamente aquele tipo de reportagem que ele queria na Vejinha, como era e é chamada. Eu não estava naquele cargo para descobrir as melhores histórias humanas de São Paulo, mas para encontrar os melhores cheesebúrgueres e as hostesses mais gostosas dos baques chiques paulistanos.
A íntegra.