Série de reportagens do Opera Mundi recupera fatos sobre a ditadura (1964-1985) que a História tende a obscurecer, especialmente que o golpe foi uma obra de civis, políticos e empresários, com apoio do governo dos EUA; os militares, como em várias ocasiões, desde a proclamação da República, em 1889, foram instrumentos. A diferença é que tomaram gosto pela coisa e resolveram ficar no poder -- mas não governaram sozinhos e muitas vezes, como no rompimento com Cuba, foram mais moderados do que civis. Mesmo onde reinaram, como nos porões das torturas, houve presença civil constante. Havia civis e militares em todos os lados -- inclusive no governo João Goulart.
Do Opera Mundi.
Revista Fortune revela já em 64 elo entre empresários de SP e embaixada dos EUA para dar golpe
Felipe Amorim
Apenas cinco meses após o golpe que depôs o presidente João Goulart, a tradicional revista norte-americana Fortune publicava uma longa reportagem narrando a parceria entre o então embaixador dos EUA, Lincoln Gordon, e os empresários paulistas que articularam a conspiração.
Enquanto setores civis e militares se armavam e ensaiavam a rebelião, lideranças golpistas foram pessoalmente à embaixada perguntar qual seria a posição de Washington caso fosse deflagrada uma guerra civil no Brasil.
"Cauteloso e diplomático, Gordon deixou a impressão de que, se os paulistas conseguissem segurar [o comando da guerra civil] por 48 horas, obteriam o apoio e o reconhecimento dos Estados Unidos", escreveu a publicação.
A íntegra.
Castello Branco rompeu relação com Cuba após perder queda de braço em conselho de ministros
Vitor Sion
Na primeira reunião do Conselho de Segurança Nacional após o golpe de 1964, o principal foco de discussão foi a suspensão das relações bilaterais com Cuba. Colocado no poder com o apoio dos Estados Unidos, o presidente Humberto de Alencar Castello Branco defendeu a manutenção do laço com a ilha caribenha, maior inimigo norte-americano desde a chegada de Fidel Castro ao poder, em 1959.
Por 12 votos a 7 (o posicionamento de Daniel Agostinho Faraco, ministro da Indústria e do Comércio, não é conclusivo), predominou a opinião do ministro das Relações Exteriores, Vasco Tristão Leitão da Cunha Silva, que defendeu o rompimento imediato com Havana.
A íntegra.