segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

O baixo nível do STF: "O pau vai cantar!"

Barbosão acha que é o Batman. Mendes fez carreira de falcatruas. O ex-presidente Brito negou o artigo 1º da Constituição. E esse Fux foi a José Dirceu -- depois de ir à Fiesp e ao MST -- pedir que intercedesse para que fosse ecolhido por Lula. Mas em entrevista diz que foi Dirceu que tentou convencê-lo. Este é o nível dos ministros do STF, dos quais depende, em última instância, a justiça para os brasileiros. Maluf foi o padrinho de Fux -- as alianças do PT vêm para o bem e para o mal. Escolher os ministros do STF e dessa forma influenciar na mais alta corte do Judiciário faz parte da política presidencial e é talvez a área em que os governos Lula e Dilma se mostraram mais incompetentes. Afinal, a maioria do STF atual foi formada nos últimos dez anos. Como compreender que um governo tenha formado um tribunal para condená-lo? O STF sempre foi subserviente aos governos -- FHC, por exemplo, cometeu todos os descalabros e nunca foi julgado. Collor foi cassado pelo Congresso e absolvido pelo STF.

Da Folha de S. Paulo, 2/12/12.
Em campanha para o STF, Fux procurou Dirceu  
Mônica Bergamo
Luiz Fux - Eu levei o meu currículo e pedi que ele [Dirceu] levasse ao Lula. Só isso.
Folha - Ele não falou nada [do "mensalão"]?
Ele falou da vida dele, que tava se sentindo... em outros processos a que respondia...
Tipo perseguido?
É, um perseguido e tal. E eu disse: "Não, se isso o que você está dizendo [que é inocente] tem procedência, você vai um dia se erguer". Uma palavra, assim, de conforto, que você fala para uma pessoa que está se lamentando.
Em 2010, ainda no governo Lula, quando a disputa para o STF atingia temperatura máxima, Fux também teve encontros com Evanise Santos, mulher de Dirceu.
Evanise é diretora do jornal "Brasil Econômico". Os dois combinaram entrevista "de cinco páginas" do ministro à publicação.
Em Brasília, outro réu do mensalão, o deputado João Paulo Cunha (PT-SP), articulava apoio para Fux na bancada do PT. A movimentação é até hoje um tabu no partido. O deputado Cândido Vacarezza (PT-SP) é um dos poucos que falam do assunto.
Vacarezza - Quem primeiro me procurou foi o deputado Paulo Maluf. Eu era líder do governo Lula. O Maluf estava defendendo a indicação e me chamou no gabinete dele para apresentar o Luiz Fux.
Maluf, avisado do tema, disse que estava ocupado e não atendeu mais às chamadas da Folha. Ele é réu em três processos no STF.
No dia em que saites começaram a noticiar que ele tinha sido indicado por Dilma para o STF, "vencendo" candidatos fortes como os ministros César Asfor Rocha e Teori Zavascki, também do STJ, Fux sofreu, rezou, chorou.
Luiz Fux - A notícia saiu tipo 11h. Mas eu não tinha sido comunicado de nada. E comecei a entrar numa sensação de que estavam me fritando. Até falei para o meu motorista: "Meu Deus do céu, eu acho que essa eu perdi. Não é possível". De repente, toca o telefone. Era o José Eduardo Cardoso. Aí eu, com aquela ansiedade, falei: "Bendita ligação!". Ele pediu que eu fosse ao seu gabinete.
Luiz Fux - Aí eu passei meia hora rezando tudo o que eu sei de reza possível e imaginável. Quando ele [Cardozo] abriu a porta, falou: "Você não vai me dar um abraço? Você é o próximo ministro do Supremo Tribunal Federal". Foi aí que eu chorei. Extravasei.
Seguiu Joaquim Barbosa, relator do caso e considerado o mais rigoroso ministro do STF, em cada condenação. Foi o único magistrado a fazer de seus votos um espelho dos votos de Barbosa. Divergiu dele só uma vez.
Na posse de Joaquim Barbosa, pouco antes de tocar guitarra, abordou o ex-deputado Sigmaringa Seixas, amigo pessoal de Lula. Cobrou dele o fato de estarem "espalhando" que prometera absolver os "mensaleiros". Ao perceber que a Folha presenciava a cena, puxou a repórter para um canto. "Querem me sacanear. O pau vai cantar!", disse.
Dias depois, um emissário de Fux procurou a Folha para agendar uma entrevista.
A íntegra.