Os atleticanos terminam 2012 comemorando como há muito tempo não comemoravam. Faltou ser campeão outra vez, como o time indicou que poderia ser, até pouco antes do fim do primeiro turno. Descontada essa frustração, as alegrias foram muito maiores do que as tristezas. Este ano o Galo fez coisas que ainda não tinha feito neste século. Ter novamente um craque. Jogar como campeão. Vencer o melhor time do campeonato. Virar jogos. Revelar um craque da casa. Jogar com raça. Classificar-se para a Libertadores. Vencer jogos decisivos diante da sua torcida. Terminar o ano por cima.
Vai ser um fim de ano mais feliz na cidade -- apesar do Lacerda. Aliás, a mistura entre futebol e política é o lado ruim de tudo isso, uma vez que prefeito e governador abusaram e vão continuar abusando da alegria da Massa. Mas não vamos falar disso agora. Assim como a maioria dos brasileiros continua votando no PT, sem se deixar influenciar pela manipulação de informações da velha "grande" imprensa, espero que os maus políticos não tenham êxito manipulando o futebol.
Não fosse o Fluminense, um time com mais qualidades (além de um bom elenco e um time mais regular, embora sem o brilho do Atlético, tem principalmente uma boa administração há vários anos, o sucesso não caiu do céu), este ano sairíamos da fila. O time tem fraquezas, como uma defesa que é melhor para marcar gols do que para marcar os atacantes adversários. E precisa de um batedor de pênaltis. O mais importante é que o clube mantenha uma administração, digamos, sustentável, com planejamento e investimentos que o conservem entre os melhores do País. Nessa posição, com o tempo o segundo título nacional virá -- e os internacionais também.
Não se faz isso vendendo Bernard -- nem Renan, que era um Bernard do gol e não se sabe por que não se tornou o que prometia ser. Formar jogadores, conservar elenco e treinador durante várias temporadas, ganhar um estilo de jogo -- com raça e talento -- e recuperar o apoio da torcida, que começou este ano, mas pode ser muito maior, como já foi.
Há alguns anos a torcida do Galo lotava o Mineirão, com 120 mil lugares, agora lota o Independência, com 20 mil. Tem uma grande diferença. O povão foi expulso dos estádios, porque os ingressos ficaram muito caros e ir ao campo não é mais a diversão familiar tranquila e barata que já foi. Futebol virou espetáculo para a televisão, em horários convenientes para esta; virou um grande negócio em que torcedores, jogadores e esporte estão em segundo plano. A realização da Copa do Mundo no Brasil em 2014 é o retrato disso: o povo, que não poderá ver os jogos no campo, sofre com remoções de comunidades e obras que enriquecem empreiteiros e políticos.
Num quadro geral ruim, que tem clima de revival, com os vovôs Felipão e Parreira de volta à Seleção e o presidente da CBF Marin fazendo discurso cujo fundo musical poderia ser Dom e Ravel, 2012 foi o melhor ano do século para os atleticanos, coroado com a vitória de virada sobre o rival, o vice-campeonato e a vaga na fase de grupos da Libertadores -- tudo isso no último jogo do campeonato. As coisas virarem a nosso favor no final era outra coisa que os atleticanos não viam há muito tempo.