O grande dilema da direita brasileira é o mesmo, desde 1945: "como ganhar a eleição para presidente, se nós só temos 10% do eleitorado?" Candidatos declarados da direita nunca tiveram êxito, quando apostou em aventureiros populistas, eles não terminaram seus governos. O governo FHC foi um paraíso, mas exceção, e acabou.
Na oposição, a direita brasileira usa dois expedientes: a difamação do presidente, por meios dos veículos de comunicação, que ela controla, e o golpe. A situação atual, em que um presidente que ela odeia tem grande apoio popular, lembra a República Populista (1945-1964). Em 1954, diante das calúnias e da ameaça de golpe, Getúlio Vargas suicidou; em 64, seu herdeiro político, Jango, foi deposto por militares. A situação da direita parece mais difícil hoje, pois não existem lideranças militares golpistas nem candidatos direitistas de apelo popular.
Resta a imprensa caluniosa, mas sua virulência é inversamente proporcional ao seu poder de fogo; a Rede Globo perde sua hegemonia, a tiragem dos jornais despenca, a internet oferece informação como jamais existiu antes. Se em 2006, quando o governo Lula ainda decolava, os esforços da "grande" imprensa não foram suficientes para impedir sua reeleição, que dirá agora, quando a popularidade do presidente ultrapassa 80% e seu reconhecimento internacional não tem precedentes entre brasileiros?
A capa da Veja deste fim de semana é uma manifestação desse desespero direitista. Sua repercussão, porém, se limita a uma pequena parcela de leitores de convicções fascistoides ou que ainda ignoram que a revista há muito tempo deixou de fazer jornalismo.