Maioria do partido vai mesmo marchar com o PSDB e apoiar a reeleição do prefeito Márcio Lacerda. Minoria (40%) vai buscar outro caminho. O papel da maioria, incluindo o ex-ministro e ex-prefeito Patrus Ananias, foi deplorável, como disse o vice-prefeito Roberto Carvalho a respeito do presidente do partido, Rui Falcão, mas não adianta só falar. Apesar de presidente do diretório municipal, Carvalho não teve maioria no partido. Para mostrar que tem importância, precisa apoiar o candidato do PMDB ou outro, arregaçar as mangas e vencer a eleição. Só assim provará à ala maioritária no partido que tem razão. E salvará o partido, que em Belo Horizonte perdeu sua identidade. Mais importante que a maioria do partido é a maioria do povo. Lacerda tem rejeição de movimentos populares insatisfeitos com seu autoritarismo, com o desvirtuamento de uma gestão de 16 anos que estava dando certo, com a não execução do Orçamento Participativo, com a venda de áreas verdes e espaços públicos municipais, com sua política cultural inexistente, com a proibição de uso de praças como a da Estação, com a venda da Rua Musas, com as obras da Copa, com a liberação de construção de edifícios na Pampulha, com o loteamento da Mata do Isidoro, com a "higienização" social da cidade, com a incompetência em obras que não acabam, como na Antônio Carlos, na Cristiano Machado e na Savassi. São reações populares que passam por fora dos partidos e já realizaram manifestações de peso como o Movimento Fora Lacerda. O prefeito é tão rejeitado pelo que a cidade tem de melhor que motivou marchinhas de carnaval como há muito não se via em Belo Horizonte. Em 2008 quase perdeu para o péssimo Leonardo Quintão -- dificilmente, porém, capaz de fazer gestão pior do que a atual. O pior para a cidade e para a democracia no caso da reeleição de Lacerda é o domínio absoluto do mesmo grupo político no governo estadual e municipal -- o pensamento único desse novo e esdrúxulo partido, o PTSDB.
Do Hoje em Dia.
PT de Minas racha no apoio à reeleição de Marcio Lacerda
Marcelo Portela, 15/4/2012
Parte do PT mineiro vai abandonar a campanha pela reeleição do prefeito de Belo Horizonte, Marcio Lacerda (PSB), que vai ter um petista como vice, mas também contará com o PSDB na aliança. A decisão foi tomada neste domingo, após encontro petista que acatou, com apoio de cerca de 60% dos participantes, a resposta da direção socialista às reivindicações do partido. O documento enviado pelo PSB ao PT confirmou oficialmente que o partido da presidente Dilma Rousseff indicará o vice de Lacerda, mas é evasivo sobre o pedido de coligação para a eleição proporcional e se omite sobre a coligação com os tucanos. "Entendemos que o documento do PSB não atendia nossas reivindicações. Reconhecemos o resultado da votação, mas não acataremos nenhum encaminhamento que tenha o PSDB na aliança. Não vamos fazer campanha com o PSDB", disparou o presidente do diretório municipal petista e vice-prefeito, Roberto Carvalho. Desafeto público de Lacerda, Carvalho é o maior defensor da candidatura própria do PT e admitiu a possibilidade de o grupo derrotado aderir à campanha do PMDB, que deve lançar chapa puro-sangue para a disputa em Belo Horizonte. "Vamos fazer uma plenária para decidir nosso rumo. Ainda tem muito chão pela frente", disse. Na última sexta-feira, o presidente nacional do PT, Rui Falcão, reuniu-se com lideranças petistas na capital mineira para garantir a coligação com o PSB.
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