Se não houvesse outras, bastaria essa diferença crucial entre governos petistas e governos tucanos*. A truculência de José Serra contra jornalistas é notória e o controle da imprensa mineira por Aécio Neves ficou famoso mundialmente. Esse governador goiano não foge à regra, só não disfarça o que pensa, talvez porque a violência no interior do Brasil seja menos velada e se exponha menos na imprensa. Inversamente, numa demonstração exemplar de como deve se comportar um governo democrático, o ex-presidente Lula nunca cerceou a liberdade do chamado PIG (partido da imprensa golpista), cujos principais expoentes -- Veja, Folha de S. Paulo e Rede Globo -- o atacaram sem descanso durante oito anos. Observação: o Comunique-se, que publicou o editorial abaixo, está longe de ser um veículo petista ou de esquerda.
Do Comunique-se.
Editorial: Um sumiço suspeito e um político fora de contexto
"É o maior exterminador da história", comentou o cronista esportivo Jorge Kajuru, dois anos atrás. "Andou perseguindo jornalistas. Tem certo traço truculento", disse o blogueiro Ricardo Setti, da Veja, ao analisar os resultados das eleições de 2010. As afirmações dos jornalistas foram dirigidas a mesma pessoa, o governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB). No último fim de semana, o político novamente foi citado como oponente da livre imprensa. A revista Carta Capital trouxe na capa a informação de que o relatório da Polícia Federal revela que o "bicheiro" Carlinhos Cachoeira manipulava o senador Demóstenes Torres (DEM) e influía no governo de Perillo. Com as denúncias divulgadas na reportagem de Leandro Fortes, a própria direção do veículo informa que houve "estranho sumiço" dos exemplares da publicação em Goiânia. Informação reforçada por internautas. Seria precipitado dizer que o tucano está envolvido com o desparecimento da Carta Capital nas livrarias e bancas da capital goiana. Porém, é cabível lembrar que Perillo gosta de exaltar o ódio que nutre pelos jornalistas.
A íntegra.
Sobre a matéria da CartaCapital
Revista Carta Capital "some" das bancas de Goiânia
Nathália Carvalho
Com reportagem de capa sobre a Operação Monte Carlo, a revista Carta Capital recebe desde a tarde do último domingo, 1°, mensagens que alertam para o "sumiço" da publicação em Goiânia. A matéria assinada pelo jornalista Leandro Fortes traz documentos e gravações que mostram como Carlinhos Cachoeira manipulava o senador Demóstenes Torres (DEM) e o governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB). Carta Capital produziu reportagem sobre relação de Cachoeira com Demóstenes e Perillo. De acordo com o impresso, os leitores relatam pelas redes sociais que "a edição da revista teria sido comprada em grandes lotes por indivíduos em carros sem placas, supostamente ligados a Cachoeira, preso desde fevereiro sob acusação de chefiar o esquema do jogo do bicho em Goiás, e a pessoas próximas dos envolvidos nas denúncias ao governador de Goiás, para evitar que a população tivesse conhecimento do caso".
A íntegra.
A matéria da CartaCapital.
O crime no poder
Restritas ao noticiário local de Goiânia, as informações sobre uma "minirreforma" no secretariado do governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), são o primeiro sinal de que suas ligações com o esquema conjunto do senador Demóstenes Torres (DEM-GO) e do bicheiro Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, prometem levar a crise para dentro do governo goiano. Transformado em menos de um mês em zumbi político, Torres agoniza pelos corredores do Senado, agora sob risco de ser cassado. Mas não deve naufragar sozinho, se as investigações da Polícia Federal forem aprofundadas. Novos documentos, gravações e perícias que integram o relatório da Operação Monte Carlo, revelados com exclusividade por CartaCapital, apontam uma total sinergia entre o esquema do bicheiro, o senador e o governo de Marconi Perillo.
A íntegra.
* Em Belo Horizonte, onde petistas e tucanos se fundiram em torno do PSB do prefeito Márcio Lacerda, essa diferença acabou, em prejuízo da população.