É outra faceta do "desenvolvimento".
Deputado do PT, provavelmente o mais progressista, considera "revolucionária" a meta de ter 25% da meninada em escola integral dentro de dez anos.
Deveria ser a totalidade no ano que vem.
E ainda estaríamos atrasados.
Em dez anos, provavelmente, a meta não terá sido cumprida e então se dirá que, no entanto, "avançamos".
Nada se diz sobre a qualidade da escola, essa instituição anacrônica do século XIX, que no século XXI o Brasil ainda tenta universalizar.
Escola é só uma prisão para crianças, o que muda seu caráter é a qualidade da educação.
Enquanto as mães e os pais passam os anos trabalhando como escravos, durante oito horas ou mais por dia, levando duas horas ou mais para ir para o trabalho e duas horas ou mais para voltar, numa época em que, com tantas máquinas e tanta tecnologia, poderíamos trabalhar três horas por dia e passar a maior parte do tempo com os filhos, os parentes, os amigos, os vizinhos, se o foco da civilização fosse distribuição de riquezas em vez de crescimento, enquanto isso acontece, é óbvio que os filhos têm de ficar em algum lugar, sendo cuidados, alimentados etc.
Os filhos dos ricos desde o começo do capitalismo passam seus dias em caros colégios internos.
O capitalismo não se importa com os filhos dos trabalhadores e eles vão trabalhar também, ou então são deixados sozinhos, ou com avós, e passam quatro horas em escolas que mais parecem presídios, com muros altos, cercas elétricas, portões fechados, para que não fujam.
Presos e obrigados a permanecer sentados e quietos em salas fechadas, torturados com fórmulas e memorização de todo tipo de conhecimento inútil.
De fato a função da escola é treiná-los para obedecer e para aprender o que as empresas vão lhes exigir para que trabalhem como escravos, como seus pais.
É isso na essência essa escola que se quer universalizar, e os educadores sabem disso há décadas, os mais lúcidos desde que o modelo começou a ser implantado nos países mais desenvolvidos, no século XIX.
Revolucionário não é dar escola em tempo integral para 25% das crianças em dez anos.
Revolucionário é propor uma instituição que eduque igualmente todas as crianças, pobres e ricas, com participação de pais e educadores (educador é diferente de professor), para que sejam bons seres humanos, para viver num mundo que não seja de destruição da natureza e desigualdades.
Revolucionário é propor a redução drástica da jornada de trabalho e ao mesmo tempo o aumento da renda, a gratuidade dos serviços essenciais de educação, saúde, transporte etc.
Revolucionário é planejar e reformar as cidades, dando prioridade à mobilidade, à qualidade de vida, aos espaços públicos, às áreas verdes, ao lazer, à convivência, à saúde.
Da Agência Brasil.
Câmara aprova texto-base do PNE, destaques serão votados na próxima semana
por Luciano Nascimento, edição de Luana Lourenço
Brasília – Com a galeria tomada por estudantes, professores e trabalhadores da educação, a Câmara dos Deputados aprovou ontem (28), por unanimidade, o texto-base do projeto que institui o Plano Nacional de Educação (PNE).
O PNE estabelece /5/1420 metas a serem cumpridas nos próximos dez anos. Entre as diretrizes, estão a erradicação do analfabetismo; o aumento de vagas em creches, no ensino médio, no profissionalizante e nas universidades públicas; a universalização do atendimento escolar para crianças de 4 a 5 anos e a oferta de ensino em tempo integral para, pelo menos, 25% dos alunos da educação básica. O plano destina também 10% do Produto Interno Bruto (PIB) para a educação – atualmente são investidos menos de 6% do PIB.
De acordo com o relator, Ângelo Vanhoni (PT-PR), a educação integral é a meta mais revolucionária do PNE. "Em países desenvolvidos, os pais levam os alunos à escola às 7h da manhã e pegam às 17h. Isso porque a grade curricular, os sistemas municipais de ensino, contam com os conteúdos básicos – matemática, português, história etc. – e aulas de reforço no período da tarde, com tempo de sobra ainda para aulas de música, dança", comparou.
A íntegra.