No século XIX, no começo de revolução industrial e científica, previa-se que em breve a humanidade poderia aproveitar a vida enquanto as máquinas fariam o trabalho por nós.
Hoje, apesar do avanço daquela e de novas "revoluções", que aumentaram prodigiosamente a produção de alimentos (o Brasil bate todos os anos um novo recorde de safra agrícola), que automatizaram os processos, que agilizaram as comunicações, a situação é bem diferente.
A desigualdade social só aumentou, há ricos mais ricos do que o mais rico dos reis de outras épocas, e pobres mais miseráveis do que os homens das cavernas.
O trabalho se tornou uma espécie de vício, que ocupa os momentos que deveriam ser de folga e lazer.
E ainda há trabalho escravo, servindo aos empresários mais desprezíveis, que no entanto posam de bacanas nas colunas sociais.
O problema da civilização moderna não é a produção de riquezas, é a distribuição.
O capitalismo, por "natureza", produz cada vez mais. Mas também concentra cada vez mais.
Do GGN.
OIT: 21 milhões de trabalhadores escravos
Caiubi Miranda, do blog Direitos Humanos no Trabalho
Nos últimos 10 dias, o trabalho forçado ou trabalho escravo ganhou destaque no noticiário nacional. A grife M.Officer foi flagrada pela segunda vez em menos de seis meses mantendo trabalhadores em condições de trabalho degradantes. A confecção Fundamental, proprietária de diversas marcas comerciais, que se recusava a assumir um Termo de Ajustamento de Conduta proposto pelo Ministério Público, foi obrigado a fazê-lo sob pena de ter seus ativos bloqueados pela justiça. A C&A e as Lojas Marisa também foram recentemente autuadas por facilitar o trabalho escravo em sua rede de fornecedores. Se considerarmos as confecções menores cujos produtos são vendidos no comercio popular, o número de trabalhadores escravos se multiplica muitas vezes.
Em outro front, a Confederação Nacional da Agricultura, por meio da senadora Katia Abreu, entrou na semana passada com uma ação direta de inconstitucionalidade no STF para considerar inválida a famosa "lista suja" onde estão arroladas empresas agropecuárias autuadas pelo Ministério do Trabalho por manterem trabalhadores escravos em suas operações. Incluindo a própria senadora, responsável pela propositora da ação. As empresas que estão na "lista suja" estão impossibilitadas de negociar com os bancos públicos e com outros bancos ou empresas privadas que, voluntariamente, aderiram a um movimento nacional de erradicação do trabalho escravo.
A íntegra.