O DVD de Quintão mostra um político sem aquele sotaque capiau de dois anos atrás, que não esconde sua origem elitista: filho de fazendeiro que estudou nos EUA. O discurso de Quintão inclui expressões como "homem bom", "forte que não para de lutar", "tem fé", ao som de música gospel. Seu discurso e sua imagem fazem parte de um novo figurino brasileiro, cada vez mais presente na política: o pobre evangélico. Quintão não é pobre, mas o abismo que o separa dos trabalhadores não tem importância nesse contexto, porque os evangélicos pregam o sucesso pessoal, a ascensão social na ordem capitalista, por meio do esforço, do trabalho dedicado, da dedicação a Deus – e do pagamento do dízimo à igreja. Membro da Igreja Presbiteriana do Brasil, Quintão faz questão de dizer, ao apresentar um "amigo", candidato a deputado estadual, depois de enumerar suas competências: "é homem temente a Deus".
O crescimento dos evangélicos não é um novo fenômeno, mas se torna cada vez mais importante. Exemplo disso é a Rede Record de Televisão, cujos investimentos para ocupar o primeiro lugar em audência estão dando resultado. Apesar de o Estado brasileiro ser laico, a partir da proclamação da República (no Império, Dom Pedro II era o chefe da igreja católica), a influência religiosa na política republicana sempre foi grande, basta lembrar da Marcha da Família, que mobilizou a classe média para derrubar o presidente João Goulart, nas vésperar do golpe militar de 64. Os evangélicos, porém, são mais agressivos: religião é assunto tabu na pauta dos seus veículos de comunicação. Nas administrações públicas, não têm pudor em misturar religião e política.
Em Belo Horizonte, Quintão é o principal representante dessa nova corrente política. Trata-se de um fenômeno: estreou em 2000, sendo eleito vereador, dois anos depois saltou para a Assembleia Legislativa, quatro anos depois chegou a deputado federal; agora tenta a reeleição, com segurança de quem tem certeza do sucesso. Entre os dois mandatos quase conseguiu se tornar prefeito. Em 2012 começa na frente, presente na memória do eleitorado da capital, que a campanha atual não deixa se apagar.