O capitalismo é um sistema esquizofrênico. O que acontece em SP acontece também em BH. Milhares, milhões, de pessoas não têm onde morar ou moram em condições precárias. Quando se constroem edifícios residenciais, é de se pensar que é para essas pessoas, certo? Errado. As construtoras constroem é para os ricos que já moram bem, têm um imóvel, dois, três, dez, cem. Pegam dinheiro do governo, levantam edifícios imensos e luxuosos, vendem por preços exorbitantes, transformam os preços de imóveis numa situação irreal, com a venda de uma ou duas unidades pagam suas despesas e o resto é lucro. Os apartamentos ficam vazios. Enquanto isso os que não têm onde morar ocupam terrenos, formam favelas e depois são despejados com violência pela polícia militar, obedecendo ordens da "justiça".
Da Agência Carta Maior.
São Paulo: caminho livre para a especulação imobiliária
Igor Ojeda
A Câmara dos Vereadores de São Paulo pode aprovar nesta quarta-feira (22/8/12) medidas que, se implementadas, beneficiarão o mercado imobiliário, alertam movimentos de moradia e urbanistas. Trata-se de um substitutivo ao Projeto de Lei 509/2011 – que estabelece o Plano Municipal de Habitação – enviado pelo prefeito Gilberto Kassab (PSD) e apoiado por sua base de legisladores.
Em carta aberta divulgada na noite de terça-feira (21), as organizações sociais denunciam que o substitutivo "dificulta o acesso à moradia digna para a população mais necessitada (até 3 salários mínimos) e piora a condição de vida urbana de todos, com mais enchentes, congestionamentos, longas horas em um ineficiente transporte público, com a ocupação de áreas de proteção ambiental". De acordo com a mais recente versão da minuta do substitutivo, obtida pela Carta Maior, propõe-se a diminuição das áreas destinadas para a construção de moradias para a população de baixa renda – famílias que ganham até seis salários mínimos, ou seja, R$ 3.732 – em Zonas Especiais de Interesse Social (Zeis). Por outro lado, seriam aumentadas as áreas destinadas a empreendimentos para a classe média – famílias com renda entre 6 e 16 salários, ou seja, até R$ 9.952.
As Zeis são porções do território que, por lei, devem passar por recuperação urbanística, regularização fundiária e produção de Habitação de Interesse Social (HIS, para famílias de 0 a 6 salários) e de Habitação de Mercado Popular (HMP, para famílias de 6 a 16 salários). Com o substitutivo, diminui-se a proporção destinada à HIS e aumenta-se à reservada à HMP. Em algumas Zeis, a redução de território para as moradias populares chega a 30%, segundo explicou à Carta Maior um dos elaboradores da carta aberta. No documento, as organizações alertam que a produção de unidades habitacionais pode aumentar, mas o déficit habitacional permaneceria o mesmo. "[O substitutivo] permite mais negócios imobiliários, mas ampliando o número de unidades vazias e mais caras."
A íntegra.