domingo, 5 de agosto de 2012

O operário da Prefeitura morto no trabalho

Não tinha visto esta notícia terrível. Fatalidade? Quando se juntam os elementos em questão -- capeamento intenso de ruas da zona sul nas vésperas da eleição, terceirização para "economizar" gastos públicos (que na prática são desviados para outros fins e outros bolsos) e a incompetência da administração Lacerda evidenciada nesses quase quatro anos -- é difícil pensar que essa morte não poderia ser evitada. O motorista é tão vítima quanto o morto. Já a Prefeitura, a Sudecap, a firma terceirizada e seus dirigentes... Num país democrático, a investigação de um acidente assim certamente descobriria fatos como condições de trabalho exaustivas dos operários, falta de treinamento adequado, precedentes e alertas dados pelos próprios trabalhadores, e penalizaria exemplarmente os responsáveis. O acidente terrível na Nossa Senhora do Carmo, semanas atrás, que também revelou a incompetência e o descaso com o trânsito da atual administração, provocou comoção. Eram pessoas de classe média. A morte brutal de um simples operário não causou a mesma reação. A especulação imobiliária que derruba casas para construir edifícios em Belo Horizonte também é responsável por grande número de acidentes de trabalho, vários deles com mortes. Mortes que poderiam ser evitadas e que não têm nenhuma repercussão, a não ser eventualmente uma notícia de jornal. Afinal, que importância tem um trabalhador pobre e anônimo?

Do Hoje em Dia. 
Funcionário terceirizado da PBH morre esmagado por máquina de recapagem durante o trabalho
Jefferson Delbem e Pedro Rotterdam
Um funcionário terceirizado da prefeitura de Belo Horizonte, de 59 anos, morreu esmagado por uma máquina de recapagem de asfalto na manhã desta quinta-feira (19/7/12). De acordo com o Corpo de Bombeiros, ele trabalhava na rua Mar de Espanha, praça Cairo, no bairro Santo Antônio, região Centro-Sul da capital, quando ocorreu o acidente. A empresa para a qual ele trabalhava e que era terceirizada da PBH é a Santo Pio Serviços.
Ainda segundo os bombeiros, com o atropelamento, a cabeça e o peito do homem foram esmagados. O filho da vítima, que era encarregado da obra, contou que o pai trabalhava como rasteleiro e seria responsável por retirar o asfalto das áreas de bueiros. No momento do acidente, o condutor do veículo acelerou a máquina e, segundo ele, não teria visto o trabalhador.
Uma equipe do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) foi acionada, mas ao chegar ao local constatou que o operário estava morto. O corpo dele foi encaminhado ao Instituto Médico-Legal (IML).
Farley Morais, funcionário da mesma obra, estava no local, mas conseguiu se livrar do acidente sem ferimentos. Ele chegou a avisar o condutor, mas não deu tempo de salvar o colega. "Eu fiz o sinal, ele parou, daí quando eu ia tirar o cara de lá ele acelerou novamente e passou com as outras rodas sobre o funcionário", informou Farley.
O motorista fugiu do local, mas ligou tempo depois para a polícia e informou onde estava. Testemunhas contaram que o homem fugiu porque ficou desesperado ao perceber a tragédia
A íntegra.