Denúncia grave da Agência Reuters: governo Dilma fechou escritórios do Ibama e entregou fiscalização da Floresta Amazônica para pessoas que a exploram.
Da Reuters, via Instituto Carbono Brasil.
Brasil recua na proteção da Amazônia
Por Paulo Prada, 7/8/12
Ivo lubrinna procura ouro na floresta há mais de 30 anos. É um negócio notoriamente sujo, já que os grupos extrativistas retiram solo da floresta e de margens de rios e usam mercúrio e outros poluentes para remover metais preciosos da lama.
Nos últimos dois anos, Lubrinna tem um segundo emprego: secretário de Meio Ambiente de Itaituba, cidade ribeirinha de 100 mil pessoas que é porta de entrada do mais antigo parque nacional e de mais de uma dúzia de reservas naturais da vasta Amazônia selvagem. Como tal, é seu trabalho proteger a área de depredações de madeireiros, caçadores, posseiros – e mineradores de ouro.
O papel duplo divide seus dias de trabalho: de manhã como fiscal, de tarde como minerador. "Tenho que ser bom no começo do dia", diz o homem corpulento e careca de 64 anos em seu tom de barítono. "À tarde, eu cuido de mim mesmo."
Até recentemente, o aparente conflito de interesses não interessaria muito nessa fronteira sem regras, de aplicação permissiva de leis e frequentes conflitos violentos entre interesses que competem por terra e recursos. Era trabalho do Ibama, a agência ambiental federal, policiar a Amazônia da melhor maneira possível.
Mas no último ano, a presidente Dilma Rousseff autorizou uma mudança que passou muita da responsabilidade da fiscalização ambiental a funcionários locais. Dos 168 escritórios do Ibama que operavam há alguns anos, 91 foram fechados, de acordo com empregados do órgão. Lubrinna afirma que os agentes costumavam multá-lo e a outros mineradores por violações. Agora, ele lidera uma equipe que inspeciona locais de mineração e está aplicando poucas multas.
A íntegra.