Fux mata no peito e centra para a filha marcar gol
Luís Nassif
O ministro Luiz Fux protagonizou o mais vergonhoso episódio da história recente da Justiça brasileira. Com seu "mato no peito" desnudou o jogo de interesses e de lisonja que cerca as nomeações para tribunais superiores.
Na nomeação, o que pesou foi a lisonja, a trapaça, valem os acordos com aliados influentes, de políticos estaduais e nacionais a grandes escritórios de advocacia.
Sua nomeação - fundamentalmente política - alijou do
cargo outro candidato que poderia ter sido Ministro por mérito. Adiou a
indicação de Teori Zvaski e Luiz Roberto Barroso, impediu a nomeação de
Lucia Valle, de outros candidatos que construíram sua reputação
manifestando respeito permanente pelo poder judiciário e batalhando
apenas pelo reconhecimento de seus pares.
Fux passou a encarnar o fura-fila, a malandragem
explícita dos carreiristas. Passou a perna não apenas nem Lula e Dirceu -
ao prometer "matar no peito" - mas a outros candidatos ao cargo que se
mantiveram dignos e distantes da politicagem rasteira.
Agora, a indicação de sua filha Mariana Fux para uma das
vagas do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro será o coroamento
definitivo da pior politicagem, a exposição completa da pequenez dos
conchavos de quem não respeita nem o país e muito menos o Poder
Judiciário. E exposição da própria incapacidade do Judiciário, através
de seus porta-vozes, de reagir contra a desmoralização do poder.
Uma moça de 32 anos, sem experiência jurídica, sem
nenhuma obra relevante, candidata-se a um cargo vitalício em um Tribunal
superior unicamente devido à capacidade de articulação política de seu
pai. A OAB-Rio de Janeiro a coloca no topo da lista dos candidatos ao
quinto constitucional.
Qual a contrapartida dessa manobra? A quem a OAB Rio serve, quando comete esse desatino?