Da revista Retrato do Brasil.
Milícias, como no tempo da ditadura
Acobertados pela PM e mídia, grupos ilegais tornaram-se mais fortes que tráfico, mantêm favelas sob terror e podem ter copiado métodos dos torturadores
Lia Imanishi
A ação das Forças Armadas para combater supostos inimigos internos, como na época das ditaduras do Estado Novo (1937–1945) e militar (1964–1985), resultou em episódios vergonhosos, como se pode aferir pelos trabalhos das Comissões da Verdade instaladas para apurá-los. Essas investigações mostram que o comando das Forças Armadas brasileiras não colabora no esclarecimento dos crimes cometidos por seus integrantes.
Em meados do mês passado, os comandos das três forças – Exército, Marinha e Aeronáutica – enviaram à Comissão Nacional da Verdade uma resposta que mostra essa disposição. A comissão havia solicitado a eles que informassem sobre o uso ilegal de sete unidades militares: os antigos Destacamentos de Operações de Informações do Exército (DOI), no Rio, em São Paulo e no Recife; os quartéis da 1ª Companhia da Polícia do Exército da Vila Militar, no Rio, e do 12º Regimento de Infantaria do Exército, em Belo Horizonte; a Base Naval da Ilha das Flores e a Base Aérea do Galeão, ambas no Rio. Nesses locais, teriam sido torturadas pelo menos 15 pessoas e mortas pelo menos nove.
A íntegra.