Mobilização popular atinge primeiro objetivo: a derrubada do ditador apoiado pelos EUA e amigo de Israel. Conselho militar, porém, não é uma saída democrática. Representante dos militares agradece Mubarak! É um grande acontecimento na história do Egito, mas é difícil dizer que rumo tomará a revolução e que forças estão organizadas. O movimento parece tão desorganizado e espontâneo quanto, amplo, surpreendente e admirável.
Após 30 anos, Mubarak deixa o poder no Egito
Tariq Saleh, enviado especial da BBC Brasil ao Cairo
O presidente do Egito, Hosni Mubarak, renunciou nesta sexta-feira ao cargo, de acordo com o vice-presidente, Omar Suleiman. Os poderes presidenciais vão ser assumidos pelo Conselho das Forças Armadas, liderado pelo ministro da Defesa, Mohamed Hussein Tantawi. Imediatamente após o anúncio de Suleiman, transmitido pela TV estatal, centenas de milhares de manifestantes presentes na Praça Tahrir, no centro do Cairo, explodiram em celebrações. O Alto Conselho militar se pronunciou pouco depois de Suleiman, dizendo que está preparado para suprir as "demandas legítimas" do povo egípcio. Por enquanto, não se sabe quais serão os próximos passos do novo governo, e o conselho prometeu um novo comunicado em breve. Os militares também disseram que encerrariam o estado de emergência que vigora no país há 30 anos. "Estamos cientes da magnitude da situação e da gravidade das demandas do povo em implementar mudanças radicais. O conselho está estudando esse tema com a ajuda de Deus em um esforço de alcançar as aspirações de nosso povo", disse o porta-voz das Forças Armadas. O porta-voz concluiu sua fala agradecendo Mubarak "pelo que ele nos deu durante seu tempo, em guerra e paz, e por sua decisão de colocar os interesses do país em primeiro lugar".
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