Em entrevista ao Democracy Now traduzida e publicada pela Agência Carta Maior, Noam Chomsky fala sobre os levantes no Egito, na Jordânia, no Líbano, na Tunísia e no Iêmen e a posição dos EUA. "Este é o levante regional mais surpreendente do qual tenho memória", avalia o intelectual libertário de 82 anos. Ele desanca Obama: "No famoso discurso do Cairo, o presidente estadunidense disse: 'Mubarak é um bom homem. Ele fez coisas boas. Manteve a estabilidade. Seguiremos o apoiando porque é um amigo'. Mubarak é um dos ditadores mais brutais do mundo. Não sei como, depois disso, alguém pode seguir levando a sério os comentários de Obama sobre os direitos humanos".
EUA estão seguindo seu manual
"Em primeiro lugar, o que está ocorrendo é espetacular. A coragem, a determinação e o compromisso dos manifestantes merecem destaque. E, aconteça o que aconteça, estes são momentos que não serão esquecidos e que seguramente terão consequências a posteriori: constrangeram a polícia, tomaram a praça Tahrir e permaneceram ali apesar dos grupos mafiosos de Mubarak. O governo organizou esses bandos para tratar de expulsar os manifestantes ou para gerar uma situação na qual o exército pode dizer que teve que intervir para restaurar a ordem e depois, talvez, instaurar algum governo militar. É muito difícil prever o que vai acontecer. Os Estados Unidos estão seguindo seu manual habitual. Não é a primeira vez que um ditador 'próximo' perde o controle ou está em risco de perdê-lo. Há uma rotina padrão nestes casos: seguir apoiando o tempo que for possível e se ele se tornar insustentável – especialmente se o exército mudar de lado – dar um giro de 180 graus e dizer que sempre estiveram do lado do povo, apagar o passado e depois fazer todas as manobras necessárias para restaurar o velho sistema, mas com um novo nome. Presumo que é isso que está ocorrendo agora. Estão vendo se Mubarak pode ficar. Se não aguentar, colocarão em prática o manual."
A íntegra.