sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Os crimes no Aglomerado da Serra e a polícia da democracia

Minas Urgente, da Band Minas, faz boa cobertura do assassinato dos agentes culturais no Aglomerado da Serra. Digo boa cobertura, porque cobrir todos os veículos estão cobrindo, mas a gente sabe como funciona a "grande" imprensa, com exceções: cobre enquanto o assunto "vende" e divulga versões oficiais. Minas Urgente dá enfoque certo ao assunto: nossa polícia é ainda a polícia da ditadura, só reprime pobre, chega atirando, mata e depois pergunta, está envolvida (não toda, obviamente) com o crime. Precisamos de uma nova polícia, uma polícia da democracia. O suposto suicídio do cabo que comandou a operação e que estava detido é dramática, mas não muda os fatos. É preciso ser esclarecido, e o primeiro passo é o exame da medicina legal, para dizer se a morte é compatível com suicídio ou não. A informação é que ele se enforcou dentro da cela com o cordão do short. Se foi o que aconteceu, o que o levou ao ato extremo? O secretário de Defesa Social, Lafayette Andrada, político da nova geração do tradicionalíssimo clã dos Andradas, surpreendeu ontem ao visitar ao Aglomerado, confortar a família das vítimas e prometer punição aos culpados e que não vai aceitar o envolvimento da PM com o crime. As ações do governo até agora estão corretas, mas será que teriam sido feitas sem que a comunidade reagisse como reagiu? Este sim foi o fato importante de todo o episódio: a reação da população em defesa dos seus direitos. Será que o secretário e o comando da PM desconhecem o que se passa na corporação? Nunca a PM mineira foi tão ineficiente quanto é agora. Não funciona sequer o telefone 190. Não estou dizendo que a polícia não aparece como aparecia no passado, quando o cidadão comunicava uma ocorrência. Isto não é de hoje. A novidade é que a própria chamada telefônica custa a ser atendida, é preciso insistir. Este quadro de polícia ineficiente, truculenta e envolvida com o crime pode piorar ou melhorar, mas vai persistir enquanto não houver a reforma da polícia, enquanto os policiais não ganharem decentemente, enquanto não estiverem a serviço dos cidadãos, enquanto a polícia militar não se tornar civil.