Esta é uma coisa que sempre me impressionou. O empregado não passa de um objeto descartável. Periodicamente, as empresas jornalísticas demitem para cortar despesas – o famoso passaralho. Nenhuma explicação é dada aos trabalhadores. Aprendemos a aceitar isso como coisa normal, quando não é: se a empresa vai bem, contrata; se vai mal, demite. São os trabalhadores, muito mais do que os proprietários, os responsáveis pelo sucesso de uma empresa. Por que então, se as coisas vão mal, só eles pagam? Por que o capital não participa desse sacrifício? O que as empresas fazem é preservar o lucro à custa dos empregados, por isso não dão explicações. Como explicar o que representa uma escolha e desmonta o discurso no qual todos numa empresa formariam "uma família" e não mais seriam empregados, mas "colaboradores"? A empresa que opta pelo corte no trabalho em vez de cortar no lucro e não dá explicações aos trabalhadores dá prova de que não pode haver respeito no sistema de produção capitalista. Aquela que age de forma diferente e respeita seus empregados indica que esta sociedade pode ser melhor. As empresas jornalísticas estão entre as mais mal administradas, inclusive no que se refere a pessoal. O mesmo funcionário antes elogiado pelos chefes é demitido sem explicações. Muitas vezes por inveja (se o subordinado é melhor do que o chefe), nepotismo ou incompetência – às vezes tudo isso junto. Acontece também de o chefe entregar o subordinado para preservar a própria cabeça. Acostumados a agir individualmente e a "administrar suas carreiras", os jornalistas não reagem, nem em defesa própria, muito menos em defesa de colegas. Sindicatos também não vão muito além. É raro um bom exemplo como o que aconteceu há alguns dias na Bahia.
Do Comunique-se.
UOL demite duas diretoras e chefe de conteúdo será correspondente
Izabela Vasconcelos
O UOL, maior portal de notícias do Brasil, demitiu duas diretoras, Mara Gama e Tereza Rangel, as duas já foram ombudsman do veículo. Mara, diretora de Qualidade, e Tereza, diretora de Planejamento de Conteúdo, foram demitidas na segunda-feira (21/2). O Comunique-se apurou que o UOL não deu muitos esclarecimentos ao demitir as jornalistas, que foram surpreendidas com a notícia, e alegou apenas reestruturação da empresa. No entanto, Mara tinha 24 anos no Grupo Folha (dono do UOL), e Tereza, 12 anos na casa. A reportagem aguarda o pronunciamento oficial da empresa sobre as demissões.
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