terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Lula volta a ser petista

E isso deve levar o PT mais para a esquerda. O encontro no Senegal confirma que Lula se tornou um símbolo do Fórum Social Mundial.

Do Blog do Rovai.
Lula começa a desencarnar no FSM
7 de fevereiro de 2011 às 21:11
A grande atração de hoje no Fórum Social Mundial foi a mesa da qual participaram o ex-presidente Lula e o presidente do Senegal Abdulaye Wade. Lula falou antes do senegalês. Sorte do público, que teve a liberdade de ir embora depois da fala do brasileiro sem ter de ouvir uma empolgada defesa do liberalismo econômico. Lula deu sinais no discurso de hoje que começou a desencarnar. Na entrevista concedida aos blogueiros em dezembro ele disse que precisa de um tempo fora da presidência para poder começar a falar alguma coisas. Seu discurso voltou a ser mais petista. E de um petismo fora do governo. O que pode ser muito interessante para puxar o partido para uma linha menos recuada. Lula falou sem meias palavras que a crise financeira de 2008 comprovou que o consenso de Washington e a agenda neoliberal fracassaram. Que os países ricos sempre trataram a periferia do mundo como problemática e perigosa e que só quando a crise atingiu o centro do capitalismo mundial é que eles buscaram dialogar com esse setor pra tentar resolver o problema deles. Também deu pau na direita européia e estadunidense "que aponta a imigração como responsável pela corrosão do sistema econômico dos seus países". Chamou a elite africana na chincha e deu recados explícitos ao presidente senegalês. "Não há soberania efetiva sem soberania alimentar. As savanas africanas têm 400 mil hectares e só 10% disso é aproveitado para agricultura. Mesmo assim, 1/4 de toda a produção de alimentos do continente vem dali. É preciso começar a mudar essa situação". O futuro presidente de honra do PT também afirmou que "é fundamental a criação do Estado Palestino que tenha condições de se desenvolver e que conviva em paz com Israel". E lembrou que, em 2005, quando visitou a Ilha de Gore, pediu perdão em nome de todos os brasileiros pelo período de escravidão no seu país. Mas acrescentou: "a melhor maneira que temos de fazer essa reparação não é só pedir perdão, mas lutar por uma África justa". No âmbito das organizações internacionais, Lula disse que o G20 não tem sensibilidade para o problema da fome e para outras questões que deveriam ser prioridades no mundo. E que enquanto presidente do Brasil nunca foi chamado para uma reunião dos países ricos. "Só fomos chamados quando eles entraram em crise." Ao final Lula provocou os presentes dizendo que não bastava ser militante só durante o FSM, mas que era preciso sê-lo durante os 365 dias do ano.
A íntegra.