Minha teoria sobre o governo Lula, que Dilma continua, é que não era um governo popular, isto é, um governo que fazia opção pelas classes populares, mas um governo que procurava governar para todos – não à toa foi esse seu slogan durante oito anos (agora é "País rico é país sem pobreza" – um slogan, digamos, pobre).
Governar para todos significa não esquecer dos pobres, dos trabalhadores, dos excluídos. Em certa medida, todos os governos devem fazer isso, mas numa sociedade de classes há sempre predominância de uma ou algumas classes. Os governantes têm ideologia e também pertencem, originalmente, a uma classe, e tais condições influenciam seu governo. Mais do que isso: o sistema econômico tem classes dominantes. Obviamente, os proprietários dos meios de produção predominam no governo. Como disse Lula uma vez, candidamente: "Somos eleitos pelos pobres, mas são os ricos que têm acesso aos gabinetes". Como é o capital que move a economia, é "natural" que ele tenha o poder de dirigir o país, influenciando as ações do governo.
Tudo muito óbvio. Por isso, no capitalismo, o que faz diferença entre um governo e outro é a sensibilidade para as necessidades das classes trabalhadoras, dos pobres, dos excluídos. O governo do PT é um governo que governa para o capital, mas, por sua origem, tem sensibilidade para o restante da sociedade. Foi essa a opção que Lula e a direção do partido fizeram em 2002, decisão mal compreendida e mal assimilada pela esquerda. É este o significado do slogan "um governo para todos".
É uma política contraditória e requer habilidade para negociar, para conciliar, para acalmar os descontentes, pois todos não serão sempre atendidos. Assim, no que se refere ao meio ambiente, por exemplo, o governo constrói Belo Monte, faz a transposição do São Francisco e legitima a derrubada de florestas para pasto e plantações de soja, mas ao mesmo tempo dá incentivos para preservação da caatinga, diminui o desmatamento da Amazônia etc.
Do Blog do Planalto.
Sábado, 12 de fevereiro de 2011
Governo federal vai financiar projetos de preservação da Caatinga brasileira
O governo federal está em busca de projetos e ações de conservação e manejo sustentável dos recursos naturais na Caatinga brasileira para conceder financiamento. O Ministério do Meio Ambiente e a Caixa Econômica Federal trabalham na elaboração de editais para escolha dos projetos que serão divulgados em até 60 dias. Os selecionados receberão o aporte financeiro já no segundo semestre de 2011. Durante cerimônia de assinatura do termo de compromisso – realizada esta semana – a ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, definiu o momento como "histórico", por se tratar do primeiro ato do governo no Ano Internacional de Florestas.
A íntegra.